Bolsonaro, o iletrado, diz só ter visto faixas de “Lula livre” em atos pelo Brasil
O presidente Jair Bolsonaro afirmou na manhã desta quinta-feira (16) que só viu “faixa de Lula livre” nas manifestações de ontem contra os cortes de recursos para a Educação, que reuniram centenas de milhares de pessoas em mais de 200 cidades do país.
— Ontem, só vi faixa de “Lula Livre”, mais nada. Vi uma manifestação, agora de manhã, de professores de escolas particulares cujos filhos foram levados para a passeata, nem sabiam o que estava acontecendo — afirmou a jornalistas na porta do seu hotel.
Em Dallas, onde cumpre o segundo e último dia de sua segunda viagem aos EUA, o presidente afirmou que a Educação não ficou ruim apenas quando começou o seu governo.
— Parece que até 31 de dezembro a educação estava uma maravilha, e de lá para cá virou esse horror. Veja as notas do Pisa (programa internacional de avaliação de estudantes) , que começaram em 2000. Somos os últimos classificados num grupo de aproximadamente 65 países. Cobrem a tabuada da garotada da nona série: 70% não sabem a regra de três. Quem diz não sou eu, é o Pisa. Não sabem interpretar um texto, não sabem responder a perguntas básicas de ciência. Eu que sou o responsável por isso?
Bolsonaro voltou a dizer que há milhões de desempregados, possivelmente em número maior que o apontado pelo IBGE, em parte porque o mundo evoluiu e estas pessoas não estão qualificados.
— Como é que você vai empregar esse pessoal? Tenho pena deles. Faço o que for possível, mas não posso fazer milagre, não posso obrigar ninguém a empregar ninguém — disse.
O presidente também afirmou que, hoje em dia, ser formado significa só colocar um papel na parede que, “em parte”, não serve para nada.
— Até jornalista. Tem jornalista que tem o português pior que o meu. É assim que está sendo formada a nossa juventude no Brasil. Isso tem que mudar — disse.
Bolsonaro também rebateu um dos argumentos dos acadêmicos: o de que os cortes de bolsas de pós-graduação da Capes e do CNPq afetam pesquisas que estão sendo conduzidas nas universidades.
— Entre as 250 melhores universidades do mundo não tem nenhuma brasileira e vocês vão me falar que estamos prejudicando pesquisa? Pesquisa até temos, na Mackenzie, no IME, ITA, em algumas poucas universidades. Não temos nada no Brasil. Quando acabar o nosso commoditie, a gente vai viver do quê? Me desculpe agora, baixando o nível, a gente vai viver de capim. Quando acabarem nossas commodities, quando acabarem os minérios e exportarmos sem agregar valor, a gente vai viver do quê?
O presidente também comparou a situação do Brasil à de Israel (“Lá não tem nada, e olha o que eles são. O Brasil, olha o que nós temos, e o que nós não somos”) e afirmou que não será “um presidente vaselina, para agradar todo mundo”.
— É isso que querem? Não vou ser eu. O que vai acontecer comigo? O povo que decida, pô, o Parlamento que decida, eu vou fazer minha parte. Não vou sucumbir, vou fazer o que falei durante toda a campanha. Vou viver, como vivo dentro da minha casa, com prisão domiciliar, sem tornozeleira eletrônica, trabalhando pelo Brasil. Agora, ontem, o que foi feito no Brasil? Uma passeata “Lula Livre”, um bandido que está preso, condenado, cumprindo pena, roubou não só a Petrobras, não, acabou com os Correios, com o fundo de pensão Postalis, comprou papeis da Venezuela. Alguém acredita num papel da Venezuela? Compraram. Por quê? Porque não vai ser pago. E assim foi com o fundo de pensão, arrebentaram com o Brasil economicamente, eticamente.
De O Globo