Bolsonaro virou presidente de desenho animado
Com a impopularidade em alta, a economia em baixa, o Congresso em pé de guerra, as ruas em ebulição e o Ministério Público em vias de apalpar os dados bancários e fiscais de Flávio, seu filho Zero Um, Jair Bolsonaro parece ter perdido o chão. Despacha no Planalto como uma caricatura, não como um presidente. Vive uma rotina de desenho animado. Eleito para governar, Bolsonaro espalhou em grupos de WhatsApp um texto apócrifo que apresenta o Brasil como um país “ingovernável” fora dos “conchavos” não republicanos. O texto avalizado pelo presidente sustenta basicamente que não é possível governar sem ceder aos interesses de corporações políticas, sindicais, togadas e empresariais.
Nos desenhos, quando acaba o chão, os personagens continuam caminhando no vazio. Só despencam quando olham para baixo e se dão conta de que estão pisando em nada. Bolsonaro, nariz sempre empinado, evita olhar para baixo. Após distribuir o texto sobre a ingovernabilidade, soltou uma nota. Nela, diz que seu modo de governar desagrada aos “grupos que no passado se beneficiavam de relações pouco republicanas.” Disse que espera “contar com a sociedade”. Em sintonia com o óbvio, o ministro Paulo Guedes disse nesta semana no Congresso que a economia está no abismo. Mas Bolsonaro continua caminhando sobre o nada com a língua engatilhada. Parece convencido de que conseguirá atravessar o abismo terceirizando todas as culpas e, sobretudo, evitando olhar para baixo.
De Uol