Cinco meses de Bolsonaro e vemos a cada dia mais gente admitindo que “deu ruim”
Leia a coluna de Mariliz Pereira Jorge, jornalista e roteirista de TV.
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Antes tarde do que nunca
Até que foi rápido. Cinco meses de governo Bolsonaro e vemos a cada dia mais políticos, empresários, artistas, jornalistas admitirem publicamente que “deu ruim”. É admirável que qualquer um reconheça um erro, mas esse movimento desertor entra para a categoria do extraordinário.
Não é desprezível que pessoas que influenciam milhões com as suas opiniões digam abertamente o que parte do país sabe desde sempre: Bolsonaro não tem a menor capacidade para governar o país.
Era meio óbvio o que aconteceria ao eleger um político despreparado? Para muita gente, sim. Também por causa do prestígio dessas personalidades um sujeito ignóbil como Jair atingiu o status de “mito” entre os eleitores? Não resta a menor dúvida. Eles também são culpados pelo estado de caos em que o país se encontra? Certamente. Muitos deles colocaram lenha nesta fogueira de rancor e vingança em que se transformou o país? O ambiente político tóxico é a resposta positiva para isso. Mas acho positivo saudar os arrependidos e, assim, estimular que outros tomem o mesmo caminho.
Mesmo que tarde, é preferível que percebam a armadilha na qual ajudaram a meter o destino do país a que nunca voltem atrás e continuem remando em direção ao precipício. É preciso coragem para enfrentar a militância ensandecida, por quem são agora tachados de traidores, mas também os críticos que desdenham do arrependimento e ajudam a engrossar a turba que os lincha virtualmente.
Há uma cobrança, de certa forma justa, de que não é possível que essas pessoas só agora tenham se dado conta da tragédia que seria a eleição de Bolsonaro. Não vamos desprezar que, para elas, nada poderia ser pior do que o PT. E, sim, tudo é possível. Do mesmo jeito que há quem acredite que a Terra é plana e que acaba numa muralha de gelo, há milhares que juram que Bolsonaro foi enviado de Deus para salvar o país.
Da FSP