Covas não renova Mais Médicos e 20 mil podem ficar sem atendimento
O prefeito de São Paulo Bruno Covas ainda não manifestou interesse em renovar o contrato dos 52 médicos do programa Mais Médicos da cidade. De acordo com profissionais da área, parte significativa da população da capital corre risco de ficar sem o atendimento de atenção básica.
Os contratos vencerão no final deste semestre. Por mês, os 52 médicos do programa realizam cerca de 700 consultas de gestantes e 450 de crianças.
A Unidade Básica de Saúde (UBS) da Vila Santa Catarina, por exemplo, tem dois profissionais que atuam por meio do programa. Cada um deles realiza em média 32 atendimentos por dia. “Como essas pessoas serão atendidas? Essa é a pergunta que nos deixa preocupados neste momento. Hoje temos cinco médicos trabalhando pelo edital 12 do programa distribuídos em todas as regiões da capital”, disse a médica Eline Ethel Fonseca Lima.
A diretora do Sindicato dos Médicos de São Paulo, Juliana Salles, tanto a atividade preventiva, quanto essas consultas estão ameaçadas. “A gente sabe que em países como Cuba, quando você aumenta a prevenção e aumenta essa atenção primária, reduz a necessidade de atenção secundária e terciária”, explicou à repórter Martha Raquel, da TVT.
O programa está presente em todas as regiões de São Paulo, mas nas periferias a perda será ainda maior, já que se trata de uma população à margem das políticas públicas. “Os profissionais do Mais Médicos estão nessas áreas de grande vulnerabilidade, onde a carência é muito grande, trabalham demais e são carinhosos e acolhedores”, afirmou o conselheiro municipal de Saúde Francisco Freitas.
Para os profissionais da saúde, o fim do programa resultará em mortes que poderiam ser evitadas. “Com fim do Mais Médicos estão colocando em risco a vida das pessoas”, alerta Eline.
Os integrantes do programa vão paralisar os atendimentos na próxima quarta-feira (8). Em carta aberta à população, os profissionais afirmam que, até o momento, a administração municipal não deu “nenhuma resposta concreta”.
Da RBA