Ernesto Araújo descobre que irresponsabilidade ambiental pode prejudicar o agronegócio

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Em audiência pública realizada nesta quarta-feira, na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo , afirmou que o agronegócio brasileiro é alvo de uma campanha internacional cujo objetivo é tirar competitividade dos produtos exportados pelo Brasil. Segundo ele, o país tem sido alvo de notícias falsas em vários países e corre o risco de enfrentar novas barreiras protecionistas motivadas por pretextos ambientais.

— O Brasil encontra barreiras oriundas de percepções equivocadas e manipuladas. Em muitos casos, nosso agronegócio é atacado para que seja minada a competitividade de nossos produtos — afirmou o chanceler.

Ele citou a África do Sul como exemplo concreto. Disse que foi criada uma imagem distorcida da carne de frango do Brasil pela imprensa local. De acordo com o ministro, isso também ocorre em inúmeros  países, entre os quais os europeus.

— Foi criada uma imagem distorcida e incorreta sobre o agronegócio brasileiro — afirmou.

Uma dessas percepções equivocadas, segundo o ministro, é a posição brasileira em relação ao Acordo de Paris, assinado por 195 países com o objetivo de reduzir o avanço do aquecimento global. Ele garantiu que o Brasil continua engajado nesse objetivo, mas reafirmou que a mudança do clima é apenas um fator de preocupação entre outros. Mencionou como a preservação das florestas, a qualidade dos oceanos e a proteção da biodiversidade do planeta.

De acordo com o ministro, muitos países ameaçam boicotar exportações agrícolas de países que não cumprem determinados padrões ambientais. Araújo enfatizou que o governo brasileiro não quer dar lugar a manipulações. Um dos argumentos usados em seus contatos com autoridades estrangeiras para melhorar a imagem do Brasil é que apenas 30% do território são usados para produzir alimentos.

— Muitos países jogam em cima do Brasil uma culpa que eles têm de ocupação irracional do território e nós temos uma ocupação plenamente sustentável — disse o chanceler. — Dizem que quem está destruindo o planeta é a agricultura brasileira, derrubando florestas para plantar soja. Nossa preocupação é evitar que se instrumentalize o Acordo de Paris para justificar o protecionismo contra o agronegócio.

Ernesto Araújo disse que a grande prioridade da Agência de Promoção das Exportações (Apex) será o agronegócio. O órgão, vinculado ao Itamaraty, teve três presidentes desde janeiro deste ano e ficou com a agenda praticamente paralisada, devido a uma crise de gestão.

Ele destacou que uma das metas do governo do presidente Jair Bolsonaro para o agronegócio é, em dois anos, aumentar de 7% para 10% o percentual das exportações do setor em relação ao total comercializado no mundo. A eliminação de barreiras e tarifas às exportações brasileiras, as negociações no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) e a realização de acordos de livre comércio entre o Mercosul e outros mercados são as diretrizes para atingir esse objetivo.

Sobre a China, Araújo afirmou que as relações entre Brasil e o país são interdependentes. Pequim é o principal importador de produtos brasileiros e não consegue produzir todos os alimentos que precisa para atender ao consumo interno. Ele mencionou carnes bovina, suína e de frango, lácteos, açúcar e frutas como exemplos de produtos com potencial de crescimento no mercado chinês.

Por outro lado, o ministro disse que o governo brasileiro se preocupa com a guerra comercial entre China e Estados Unidos. Embora, em um primeiro momento, o Brasil aumente suas exportações para o mercado chinês, com destaque para soja e proteína animal, devido às barreiras impostas aos produtos americanos, esse tipo de disputa distorce o comércio mundial.

— Acompanhamos com preocupação, porque do ponto de vista sistêmico o Brasil tem interesse em um comércio livre, que não seja administrado.

Araújo fez questão de assegurar que, para o governo brasileiro, o aprofundamento das relações com Israel é tão importante quanto com os países islâmicos. Existe o temor, entre os exportadores, de que o Brasil seja prejudicado por causa dessa forte aproximação de Bolsonaro com os israelenses, incluindo uma possível transferência da embaixada brasileira naquele país de Tel Aviv para Jerusalém — cidade onde os palestinos desejam ter sua capital no lado oriental.

— Fazemos um esforço de aproximação e melhor aproveitamento das oportunidades concretas no Oriente Médio como um todo — disse.

Ele citou, ainda, como mercados prioritários os Estados Unidos, a Indonésia, a Malásia, a Índia, o Canadá e a Coreia do Sul — segundo o chanceler, os dois últimos deverão fechar um acordo de livre comércio com outros países ainda este ano.

De O Globo