Luciano ataca seguidora: “deve ser solteira e abandonada”
“Muito sensível você, mulher. Deve estar solteira e abandonada, pelo visto.” A frase foi dita semana passada por Luciano Huck em resposta a uma seguidora durante uma live no Instagram. Isso mesmo. Ele ouviu uma crítica e respondeu desse jeito. Como assim, Luciano?
Acusar uma mulher de “ser solteira” é um expediente antigo, usado por pessoas que pararam em 1950 e são cheias de preconceitos.
Quando esse pensamento vem de um homem, se não fosse irritante e preconceituoso, poderia ser até engraçado. Pensem bem, o problema em ser solteira seria “não ter um homem”, ou seja, não ser brindada com uma coisa maravilhosa como…. Eles! Quando Luciano completa com ter sido abandonada, a coisa piora. A autoestima do homem hétero, ainda mais dos mimados, é uma coisa impressionante. Eles acham que uma maneira de nos ofender é dizer que fomos abandonadas por um deles. Incrível, não? Em alguns casos, Luciano, “ser abandonada”, ou “abandonar”, é uma espécie de livramento. Ou você acha que alguma mulher quer estar em um relacionamento tóxico, que faz mal para ela? Ou em um relacionamento com um cara que … acha que chamar alguém de solteira é xingamento? Mais interessante ainda isso vir de Luciano, que posa de moderno e vez ou outra tem atitudes progressistas. Quando a Ministra Damares disse a célebre frase “meninos vestem rosa, meninos vestem azul”, por exemplo, lá estava Luciano, usando uma camiseta rosa. Legal, mas o cara que vemos no vídeo xingando a seguidora de “solteira”: nem parece a mesma pessoa. E tem mais. Quando um cara diz que uma moça “está sensível” porque “está solteira”, bem, ele está muito perto de dizer (porque pensar, já pensou) que ela está sofrendo de falta de p…, ou de homem. Péssimo, retrógrado. Não, queridos, vocês não são garantia de felicidade, muito pelo contrário. Muitas vezes, vocês são um mega problema. E não, nossas vidas não giram em torno de ter ou não “um homem”, ou de “segurar um cara.” Todo mundo quer amor, já diriam os Titãs. Mas isso é muito diferente de achar que o problema é ser solteira ou ter sido abandonada.
O mito da solteirona é tão antigo quanto aquele que diz que as meninas devem vestir rosa. E, engraçado, não ouvimos nunca um homem ser chamado de “solteirão”, ou “de encalhado”. Na maioria dos casos, eles são vistos como pessoas que estão aproveitando a vida, pegando todas. Basicamente, caras que se deram bem. E, quando abandonados, geralmente eles se deram bem, pois a mulher era “uma louca”.
Nada contra os homens solteiros, muito pelo contrário. Tudo contra achar que “ter alguém” é garantia de alguma coisa (tipo ser feliz, não ser grosso etc). E não, Luciano, não escrevo isso porque estou sensível porque fui abandonada e estou solteira ( no momento, por acaso, isso nem é o caso).
O que faz uma mulher reclamar, fazer um comentário, escrever um texto ou uma crítica não é, definitivamente, o fato de termos sido abandonados por essas maravilhas que vocês acham que são.
Vale lembrar que essa não é a primeira vez que Luciano dá uma bola fora e mostra seu macho interior. Sua marca de camisetas já lançou uma camiseta feminina com os dizeres “campeã feminina de estouro de cartão de crédito”. E, em um momento de irresponsabilidade explícita, eles chegaram a lançar uma camiseta infantil com os dizerem “vem nim mim que eu tô facinho”. Na época, ele retirou a camiseta de circulação e pediu desculpa.
Perto da Copa de 2014, Luciano postou na internet o seguinte: Carioca? Solteira? Louca para encontrar um príncipe encantado entre os ‘gringos’ que estão invadindo o Rio de Janeiro durante a Copa? Chegou a sua hora… Mande fotos e por que você quer um gringo ‘sob medida'”. A ideia era fazer um quadro em seu programa tipo “namoro na TV”. Como vender a imagem de que a mulher brasileira é um produto de exportação é um problema sério, ele novamente se desculpou.
No caso da seguidora, que fez uma crítica ok (nenhuma crítica é uma delícia, mas ela não foi ofensiva, disse que achava que ele era “esquisito”) e recebeu como resposta essa grosseria, Luciano ainda está quieto. Vergonhoso.