Ministro será exposto, durante horas a fio, a uma saraivada de críticas públicas dos deputados
Como se pode ver, praticamente todos os líderes partidários encaminharam a favor da convocação, contrariamente ao que queria o governo. Somente dois partidos votaram “Não”: o PSL do presidente Bolsonaro e o Novo. Isso significa que o ministro será exposto durante horas a fio a uma saraivada de críticas públicas dos deputados no mesmo dia em que estão programadas manifestações em todo o país contra o Ministério da Educação e os cortes promovidos pelo governo. É o pior momento possível. Na verdade, a convocação já estava clara durante a reunião de líderes anunciada pelo líder do governo, Major Vitor Hugo (PSL-GO), como início de uma grande estratégia do Planalto para destrancar a pauta de votação das medidas provisórias.
Segundo Vitor Hugo, seriam votadas nesta semana as duas primeiras MPs da pauta e, posteriormente, a MP 870 que estabeleceu a reforma administrativa assinada pelo presidente Jair Bolsonaro logo que tomou posse. Mas o resultado da reunião foi exatamente o oposto. Os líderes do chamado Centrão (PP, MDB, DEM, PR, PRB e SD, entre outros) anunciaram, que não só fariam obstrução à votação das MPs como também que passavam a apoiar proposta da oposição de convocar o ministro para depor em plenário. Ou seja, consolidou-se uma enorme maioria contra o governo.
No plenário, durante a votação da convocação, o líder do PT, deputado Paulo Pimenta declarou em microfone: “O mais curioso é que não vemos aqui nem o líder do governo na Câmara, Vitor Hugo, nem a líder no Congresso, Joice Hasselmann, nem o líder do PSL, Delegado Waldir.” Presente um dos vices-líderes do governo, José Medeiros (Podemos-MT), telefonava insistentemente para o Planalto pedindo orientação. “Nâo consigo falar com o ministro da Casa Civil (Onyx Lorenzoni) nem com ninguém”, resignou-se.