
Partido Novo quer manter distância do governo Bolsonaro
O partido Novo, um dos principais defensores da reforma da Previdência no Congresso, busca alternativas para evitar ser confundido como linha auxiliar do governo de Jair Bolsonaro, que enfrenta queda de popularidade desde a eleição. Cinco meses após a posse do presidente, a sigla se equilibra, de um lado, entre o apoio à equipe econômica e à proposta de reforma da Previdência e, de outro, a oposição a setores mais conservadores do governo.
Grande parte da preocupação tem fundo eleitoral: a um ano da disputa pelas prefeituras, o Novo considera que é necessário manter uma certa distância para que sua agenda não se confunda com a do PSL. Essa postura de um pé em cada canoa se reflete na rotina dos oito integrantes do Novo no Congresso, onde alguns parlamentares são mais próximos ao Planalto e outros tentam manter a posição de neutralidade.
—A prioridade é a Previdência. Não podemos focar em outras polêmicas —diz o deputado federal Vinicius Poit (Novo-SP).
Entre os pontos de incômodo na relação com o governo está a própria presença de um filiado no Ministério: Ricardo Salles, que comanda a pasta do Meio Ambiente. Sua chegada à Esplanada ocorreu sem a participação do partido. Segundo lideranças ouvidas pelo GLOBO, a legenda estuda impor novas regras sobre a participação de filiados em governos.
— O início do mandato tem demonstrado pontos positivos na economia, como as propostas de reforma tributária e da Previdência. Existem problemas na comunicação e na articulação, e a gente espera que isso fique restrito ao primeiro semestre e comece a melhorar — diz o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS), considerado um dos mais próximos ao governo.
As reformas são a prioridade para os congressistas do partido e, em nome de sua aprovação, eles tentam contornar o que alguns descrevem como escorregadas do governo. Citam, por exemplo, problemas de gestão nesses primeiros meses e também reclamam do histórico de Bolsonaro como deputado, como a sua defesa de privilégios a funcionários das forças de segurança.
Para alguns observadores, no entanto, os posicionamentos do Novo no Congresso são vistos como base uma base do PSL. Um exemplo: há poucas semanas, ao lado do PSL, o partido foi o único que se posicionou contra a convocação do ministro da Educação, Abraham Weintraub, para prestar esclarecimentos no plenário da Câmara a respeito dos bloqueio de verbas do orçamento do MEC.
O GLOBO procurou o presidente do partido, João Amoêdo, para falar sobre a sigla e o governo Bolsonaro, mas ele não deu entrevista. Amoêdo disputou a presidência pelo Novo em 2018, e ficou em 5º lugar.
A legenda, fundada há pouco mais de três anos, apostou em um forte discurso antipetista e na defesa da renovação na política. Além dos oito deputados federais, elegeu 11 estaduais, um distrital e o governador de Minas.
Em 2018, no segundo turno da eleição, o partido declarou neutralidade e não apoiou nem o atual presidente nem o candidato do PT, Fernando Haddad.
O Novo liberou filiados para decidirem sobre a participação ou não nos atos pró-Bolsonaro de ontem . Nenhum político eleito pela sigla foi visto nas manifestações.
De O Globo