Taurus dispara na Bolsa com 2 mil pedidos de fuzis de clientes
As ações da fabricante de armas Taurus operam em forte alta na manhã desta terça-feira (21). Por volta das 10h45, as ações preferenciais da Taurus avançavam 8,48%. Já os papéis ordinários tinham alta de 6,55%.
Na véspera, a empresa informou em entrevista à TV Globo que o decreto que facilitou o acesso de civis a armamentos permite à população comprar um fuzil, o T4 semiautomático de calibre 5,56.
A empresa informou que espera “imediatamente atender os clientes” assim que a regulamentação entrar em vigor. “Temos uma fila de 2 mil clientes”, informou a empresa, que tem sede no Rio Grande do Sul. “Estamos preparados para atender em até três dias as demandas dos nossos clientes.”
A reportagem contatou a fabricante na noite de segunda-feira, mas não obteve resposta sobre o assunto. A Casa Civil, ligada ao Palácio do Planalto, disse que o decreto não enquadra o fuzil T4 como arma de uso permitido. Segundo o órgão, a arma “é de uso restrito e, por isso, o cidadão comum não consegue adquiri-la”. “A informação não procede”, declarou.
Desde a vitória eleitoral de Jair Bolsonaro a Taurus virou uma das empresas mais voláteis da bolsa. Bolsonaro afirmou que pretendia facilitar o acesso a armas de fogo e acabar com o “monopólio da Taurus” ainda durante a campanha. Mas as ações mais recentes, facilitando a posse e o porte de armas impulsionaram as ações da companhia. Seu valor de mercado chegou a crescer seis vezes entre setembro e outubro do ano passado, mas está em queda de 70% desde janeiro.
Com capital aberto desde 1982 e baixa liquidez na bolsa, a Taurus tem recuperado o desempenho operacional nos últimos tempos, saindo de resultado operacional negativo no ano passado. A empresa gaúcha se beneficia do R-105, um regulamento do Exército de 1936 que restringe a importação de produtos controlados fabricados no país. Isso faz com que o governo brasileiro praticamente só compre armas leves — as de uso individual, como pistolas — da Taurus, a única empresa nacional em condições de atender às exigências dos editais.
Agora, a companhia se prepara para enfrentar a possível chegada da concorrência internacional, ao mesmo tempo em que se arma para ganhar com a possível corrida armamentista. Assim como seus clientes, seus acionistas também precisam de sangue frio para aguentar os solavancos.
Da Exame