Toffoli defende recondução de Raquel Dodge em reunião com Bolsonaro

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Na mais concorrida disputa pelo comando do Ministério Público Federal, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, tem recebido importante apoio de fora da instituição para permanecer por pelo menos mais dois anos no cargo. Em uma conversa com o presidente Jair Bolsonaro, no Alvorada, na semana passada, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, fez uma defesa enfática da procuradora-geral.

Toffoli foi chamado ao Alvorada para uma falar sobre conjuntura com Bolsonaro. O encontro só foi incluído na agenda dos dois momentos antes da chegada do ministro à residência oficial do presidente. Durante a reunião, o presidente do STF disse que Dodge imprimiu “racionalidade” e “previsibilidade” às ações da procuradoria-geral da República ao longo dos dois últimos anos.

O presidente do STF disse também que Dodge “não cede a pressões” corporativas da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), sindicato dos procuradores. Tampouco se curva diante de movimentos de procuradores de primeira instância, normalmente mais impetuosos que a cúpula da instituição. Ela teria demonstrado isso quando se opôs ao acordo de R$ 2,5 bilhões entre a força-tarefa de Curitiba e a Petrobras.

Segundo uma fonte com bom trânsito no governo e no STF, Toffoli disse ainda que Bolsonaro não deveria esperar alinhamento automático ou submissão de Dodge ou qualquer um outro candidato a procurador-geral da República. Todos adotam um discurso moderado. Mas, uma vez no cargo, agem de forma independente, conforme manda a lei. A diferença é que, neste campo, a atual procuradora-geral não é dada a gestos imprevisíveis.

Toffoli teria dito ainda que a recondução do procurador-geral tem sido repetida ao longo de todos os governos, desde o início da década de 90. Desde então, o único procurador-geral não reconduzido foi Cláudio Fonteles, no primeiro mandato do ex-presidente Lula. Por convicção de que a troca de comando seria saudável, Fonteles preferiu não buscar um segundo mandato. Bolsonaro ouviu com a atenção os comentários do presidente do STF.

Depois do encontro no Alvorada, o presidente agradeceu publicamente a visita de Toffoli.”Sou grato ao presidente do Supremo quando aceitou, a meu convite, se dirigir ao Alvorada onde discutimos questões da conjuntura atual”, disse ele ao Jornal Nacional, depois da reunião. Segundo o presidente “a harmonia reina entre nós na busca de soluções dos problemas nacionais”.

Procurada, a assessoria de imprensa do STF disse que Toffoli não se manifestaria sobre o assunto. Raquel Dodge não registrou candidatura para disputar indicação à lista tríplice a partir de uma eleição interna conduzida pela ANPR. Mas, nos bastidores, ela tem se movimentado para permanecer no cargo. Quando perguntados sobre o assunto, assessores de Dodge se limitam a dizer que a única informação disponível é que a procuradora-geral não se inscreveu nas eleições da ANPR. Não mencionam se ela concorre ou não por fora .

Segundo observadores da corrida interna, Dodge não registrou candidatura porque não teria votos suficientes para ficar entre os três primeiros colocados. A procuradora-geral se desgastou e perdeu boa parte do apoio interno depois de uma hesitante atuação nas investigações sobre o ex-presidente Michel Temer e por, supostamente, esvaziar a Lava-Jato em Brasília.

Ela também foi duramente criticada por pedir a suspensão do acordo que permitiria a força-tarefa criar uma fundação para administrar um fundo de R$ 2,5 bilhões de uma multa devida a Petrobras aos Estados Unidos. As eleições internas estão previstas para o próximo dia 18. Dez subprocuradores-gerais e procuradores-regionais registraram candidatura. O subprocurador-geral Augusto Aras foi o único até agora a se declarar candidato avulso.

O ministro da Justiça, Sergio Moro, já repetiu a assessores que apoia a escolha do procurador-geral pela lista tríplice. Mas Bolsonaro ainda não falou claramente se vai ou não acolher alguma indicação da lista, que vem sendo adotada desde o primeiro mandato do ex-presidente Lula.

Da Época