Aeronáutica quer esconder investigações de cocaína no avião presidencial
O Comando da Aeronáutica impôs sigilo na investigação envolvendo o caso do militar preso na Espanha, sob suspeita de tráfico de drogas. Em coletiva à imprensa na tarde desta quinta-feira, a corporação não esclareceu se o sargento Manoel Silva Rodrigues, de 38 anos, flagrado com 39 quilos de cocaína em sua bagagem, na terça-feira, passou por uma inspeção na base aérea de Brasília antes de embarcar.
Sob alegação de que o inquérito policial militar (IPM), instaurado na quarta-feira, está sob sigilo,também não houve esclarecimento se, nesta viagem, a equipe de apoio foi submetida a uma vistoria antes da decolagem.
— Especificamente deste caso, é objeto da investigação. E está sob sigilo. Quando for concluído o inquérito, que tem a data de 40 dias mais 20 dias, vai ter a conclusão deste processo — alegou o porta-voz da Aeronáutica, major aviador Daniel Rodrigues Oliveira.
Questionado pelo menos sete vezes sobre os procedimentos de vistoria de tripulantes e bagagens, o porta-voz não respondeu especificamente sobre como ocorrem as inspeções. Disse apenas que “a praxe” é que a comitiva passe por vistoria e que há um “controle” de tripulantes e bagagens.
— Existe um procedimento de segurança que é realizado pela Força Aérea: raio x e tudo aquilo que seja necessário. Existem protocolos que a FAB coloca para missões de traslado como qualquer aeronave da Força Aérea — disse.
Em resposta a outro questionamento, o porta-voz informou que a vistoria depende da estrutura de cada aeroporto.
— Os voos da FAB, em geral, de certa forma, possuem procedimentos. Vai depender da infraestrutura de cada aeroporto onde vai ser essa operação. Os voos da FAB são submetidos, seja tripulação ou bagagem, a revistas, a tipo de inspeção que possa vir a ser comprovado. Vai depender da infraestrutura de cada aeroporto.
O Comando da Aeronáutica prometeu emitir boletins periódicos sobre a apuração do caso. E afirmou que todas as informações que não atrapalharem as investigações serão divulgadas.
O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, disse que não vai admitir criminosos nas Forças Armadas e que o governo irá agir com “total transparência” e tratou o caso como “fato isolado.”
— Não vamos admitir criminosos entre nós. Neste caso, houve quebra de confiança. A confiança é própria da cultura militar. Esse caso é fato isolado — disse o ministro.
Mais cedo, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno , afirmou que “o governo não tem efetivo suficiente para controlar todo mundo nos aviões oficiais”. O ministro informou ainda que a Força Aérea vai aperfeiçoar seus controles.
‘Não vamos admitir criminosos entre nós’
O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva , disse na tarde desta quinta-feira que é ‘inadmissível’. Ele afirmou que o governo irá agir com “total transparência” e tratou o caso como “fato isolado.”
— Não vamos admitir criminosos entre nós. Neste caso, houve quebra de confiança. A confiança é própria da cultura militar e nos é tão cara — disse.
O ministro disse que, se comprovada a culpa, o militar será julgado “sem condescendência pela justiça da Espanha e pela própria justiça brasileira.”
— Esse lamentável caso é fato isolado no seio dos integrantes das Forças Armadas que gozam dos mais elevados índices de credibilidade junto à população brasileira, onde cerca de 400 mil homens e mulheres fardados servem à pátria pautados por princípios éticos e morais.
Mais cedo, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno , afirmou que “o governo não tem efetivo suficiente para controlar todo mundo nos aviões oficiais”. O ministro informou ainda que a Força Aérea vai aperfeiçoar seus controles.
Consulado dá apoio à militar
O segundo sargento Manoel Silva Rodrigues, de 38 anos, foi preso na terça-feira com 39 quilos de cocaína divididos em 37 pacotes em sua bagagem. Silva Rodrigues exercia a função de comissário de bordo em uma aeronave militar VC-2 Embraer 190. Ele tripulante do voo que transportava a equipe avançada de transporte que dava apoio à comitiva do presidente Jair Bolsonaro.
A comitiva de apoio à equipe presidencial fez escala em Sevilha antes de seguir para o Japão, onde o chefe do Planalto participará da cúpula de líderes do G20. O avião presidencial faria escala na mesma cidade espanhola antes de seguir para o Japão, mas, após a prisão do oficial, seguiu para Portugal.
O militar está sendo assistido pelo Consulado-Geral do Brasil em Madri. Segundo nota lida pelo Comando da Aeronáutica, “o consulado já manteve contato telefônico com o acusado e com seus familiares no Brasil, e destacou um vice-cônsul para manter contato com as autoridades policiais e judiciárias e visitar o militar detido, a fim de acompanhar sua situação. Um advogado de defesa já foi designado pelo Estado espanhol.”
De OGlobo