Doria tenta negar crimes de Moro

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O governador João Doria (PSDB-SP) se limitou a dizer nesta segunda-feira (10) que “é cedo para avaliar” e que “o momento é de cautela”, sem precipitação de manifestações e juízos sobre a divulgação pelo site The Intercept Brasil de mensagens atribuídas ao ex-juiz Sergio Moro e ao procurador Deltan Dallagnol, do Ministério Público Federal.

O conteúdo divulgado pelo site mostra que os dois trocavam colaborações quando integravam a força-tarefa da Operação Lava Jato. Moro, que hoje é ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro (PSL), foi o juiz responsável pela operação em Curitiba. Ele deixou a função ao aceitar o convite do presidente, em novembro, após a eleição.

​O site informou que obteve o material de uma fonte anônima, que pediu sigilo. O pacote inclui mensagens privadas e de grupos da força-tarefa no aplicativo Telegram, de 2015 a 2018.

Segundo Hasselmann, Moro afirmou que as mensagens foram colocadas fora de contexto.

A deputada disse que é cedo para tomar um posicionamento, mas afirmou acreditar na palavra de Moro.
“Sei que é um homem decente e que prega pela legalidade e moralidade”, disse. “Não confio no site específico”, ela acrescentou, em menção ao The Intercept Brasil.

Em rede social, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também comentou o caso. “A economia segue patinando. Governo sem mão firme. Revelações de conversas entre juízes e fiscais abrem especulações. O povo paga pelas incertezas com falta de renda e emprego. É hora de juízo: sem entendimento perderemos o bonde da história. Falta grandeza, sobram mesquinharias.”

O site The Intercept Brasil divulgou no domingo (9) uma troca de mensagens atribuídas a Moro e a Deltan em que eles aparecem compartilhando colaborações quando integravam a força-tarefa da Operação Lava Jato.

Após a publicação das reportagens, a equipe de procuradores da operação divulgou nota chamando a revelação de mensagens de “ataque criminoso à Lava Jato” e disse que o caso põe em risco a segurança de seus integrantes.

Para o ministro Marco Aurélio Mello, do STF, a troca de colaborações entre Moro e Deltan põe em xeque a equidistância da Justiça. “Apenas coloca em dúvida, principalmente ao olhar do leigo, a equidistância do órgão julgador, que tem ser absoluta. Agora, as consequências, eu não sei. Temos que aguardar”, afirmou o magistrado.

Nas conversas privadas, membros da força-tarefa fazem referências a casos como o processo que culminou com a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por causa do tríplex de Guarujá (SP), no qual o petista é acusado de receber R$ 3,7 milhões de propina da empreiteira OAS em decorrência de contratos da empresa com a Petrobras.

O valor, apontou a acusação, se referia à cessão pela OAS do apartamento tríplex ao ex-presidente, a reformas feitas pela construtora nesse imóvel e ao transporte e armazenamento de seu acervo presidencial. Ele foi condenado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Preso em decorrência da sentença de Moro, Lula foi impedido de concorrer à Presidência na eleição do ano passado. A sentença de Moro foi confirmada em segunda instância pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região e depois chancelada também pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), que reduziu a pena para oito anos, 10 meses e 20 dias de prisão.

Segundo a reportagem do The Intercept Brasil, Moro sugeriu ao MPF (Ministério Público Federal) trocar a ordem de fases da Lava Jato, cobrou a realização de novas operações, deu conselhos e pistas e antecipou ao menos uma decisão judicial. Especialistas em direito disseram à reportagem que não haveria, a princípio, nenhuma ilegalidade, mas pode ter havido desvio ético.

Da FSP