Jornalista conta: Moro sabia que seria convidado ao ministério, antes da eleição
O jornalista norte-americano Glenn Greenwald afirmou que, em mensagens ainda não publicadas, o então juiz Sergio Moro relatou convite de Jair Bolsonaro para o Ministério da Justiça, da qual Moro hoje é titular, antes mesmo de vencer a eleição. Greenwald é um dos autores das reportagens do site The Intercept Brasil que divulgaram conversas de integrantes da Força-Tarefa da Lava Jato no Paraná em um aplicativo de mensagens. Ele diz que ainda há mais conteúdo a ser divulgado.
“Temos conversas que ainda não reportamos sobre o Moro estar pensando na possibilidade de aceitar uma oferta do Bolsonaro, caso ele ganhasse.
Isso foi antes da eleição, acho que depois do primeiro turno”, afirmou Greenwald ao UOL. O convite a Moro provocou divergências entre integrantes da Lava Jato em Curitiba. De acordo com o jornalista, mensagens no grupo dos procuradores mostra que alguns membros alertaram sobre as consequências negativas que a ida do ex-juiz para o Executivo poderiam causar.
“E tem pessoas dentro da força-tarefa da Lava Jato, outros procuradores, falando que isso iria destruir a reputação da Lava Jato, porque iria criar uma percepção de que o tempo todo nãofoi uma apuração contra a corrupção, nem uma apuração do Judiciário. Mas uma apuração política para impedir a esquerda e empoderar a direita”, relata o jornalista.
Em 1º de outubro, a seis dias do primeiro turno, Moro tornou público um anexo da delação premiada de Antonio Palloci, homem forte dos governos de Lula e de Dilma Rousseff, com denúncias contra os governos petistas. Em documento enviado ao CNJ, Moro negou ter agido para influir na disputa eleitoral. “Todo mundo sabe que [Moro] fez isso para impedir o adversário principal do presidente de concorrer, e isso o ajudou a ganhar a eleição”, completou Greenwald.
De Uol