“Para o pedaço mais pobre do Brasil o colapso social já chegou”
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, declarou num par de entrevistas que “está faltando uma agenda para o Brasil.” Atribuiu ao governo a responsabilidade por apresentar essa agenda. E afirmou que sem ela o país está caminhando muito rapidamente para um cenário de “colapso social.” O mundo do Poder, do qual Rodrigo Maia faz parte, ainda não notou. Mas para o pedaço mais pobre do Brasil o colapso social já chegou.
Num instante em que todas as atenções estão voltadas para a reforma da Previdência, Rodrigo Maia reconhece em voz alta o que muitos apenas sussurram: a mexida no sistema previdenciário, essencial para atenuar o cenário de ruína fiscal, não produzirá sozinha o milagre da prosperidade. “A reforma previdenciária por si só não vai resolver nada”, chegou a dizer Maia. Para evitar o colapso “o governo vai ter que ir muito além.”
O presidente da Câmara menciona como pré-condição para o sucesso disso que ele chamou de “agenda para o Brasil” a celebração de uma aliança política. Sem mencionar o nome de Jair Bolsonaro, avesso a composições, Maia declarou: “Quem quer mudar o Brasil tem que ter a capacidade de compreender que só com um arco de aliança você consegue aprovar as emendas constitucionais que podem tirar o Brasil da linha do colapso social.”
Parece incrível, mas o governo do capitão entrou no sexto mês e a política continua rodando como parafuso espanado. A conversa não muda. A única coisa que se altera é o tamanho do buraco. Os mais de 13 milhões de desempregados, os estudantes obrigados a conviver com um ministro que brinca de ator de musical, os doentes que definham em macas nos corredores dos hospitais públicos… Esses brasileiros já foram apresentados ao colapso social.
De Uol