Prisão de assessores de ministro devolve para o colo de Bolsonaro crise que estava adormecida
As três prisões efetuadas pela Polícia Federal nesta quinta-feira (27) encurralam o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio (PSL), e devolvem para o colo de Jair Bolsonaro uma crise que estava adormecida.
Bolsonaro tem dito que a saída ou permanência de seu ministro dependerá das investigações da PF. As prisões vão aumentar a pressão para uma decisão imediata.
A PF fecha o cerco ao titular do Turismo. A ação policial revela que as investigações estão focadas no grupo de atuação comandado por ele.
Com autorização da Justiça, a polícia deteve Mateus Von Rondon, braço-direito de Álvaro Antonio, e outros dois ex-assessores.
Um deles, Robertinho Soares, foi seu coordenador de campanha e trabalhou no gabinete parlamentar do hoje ministro, assim como Haissander de Paula, o terceiro alvo da operação.
Rondon é empregado no governo Bolsonaro como assessor especial do ministro. Tem acesso livre a seu gabinete em Brasília.
Uma empresa dele é investigada como elo do esquema, revelado pela Folha no dia 4 de fevereiro, das candidaturas laranjas do PSL em Minas, reduto comandando pelo ministro.
A mesma empresa recebeu verbas do gabinete de Álvaro Antonio na época em que era deputado federal.
Bolsonaro tem duas opções a partir desta quinta: demitir o ministro e tirar o escândalo do governo ou manter na Esplanada o titular de uma pasta com seus principais aliados detidos pela PF.
Para um presidente eleito com a bandeira de combate à corrupção, a primeira alternativa parece ser a mais coerente, embora coerência não tem sido uma virtude deste governo.
Bolsonaro chegou ao Japão, para o encontro do G20, carregando na bagagem o mal-estar criado com a prisão de um sargento da Aeronáutica, integrante da equipe de apoio à comitiva presidencial, preso com 39 quilos de cocaína na Espanha.
Terá agora de lidar com mais um episódio de prisão, desta vez ligado ao gabinete de um ministro do seu próprio partido.
Da FSP