Delegados da PF: “manifestação de Moro é inadequada”
Para o delegado da Polícia Federal Edivandir Paiva, que preside a Associação dos Delegados da PF, o comportamento do ministro Sérgio Moro no caso dos hacker, neste momento, é inadequado. Para ele, não é papel do ministro da Justiça ter qualquer contato com a investigação, nem ligar para supostas vítimas e também anunciar a elas que o conteúdo do material apreendido será destruído.
“O que a gente sempre espera é que qualquer autoridade não se manifeste com investigação em andamento. Somente quando tiver terminada e publicizada pela Justiça. Manifestações sobre investigação em curso expõem a investigação, a Polícia Federal. Qualquer manifestação dele (Moro), nesse momento, é inadequada” – disse Edivandir ao Radar.
O dirigente comentou sobre o fato de o ministro ligar para supostas vítimas dos hackers.
“Como ele está tendo acesso a lista das vítimas? A princípio, que eu saiba, está mantida sob sigilo do juiz Vallisney. Não foi levantado o sigilo. E ligar para supostas vítimas é algo que tem que ser feito de forma oficial, pelo juiz ou por uma autoridade policial. E não nesse momento,com investigação em andamento. Ainda há diligências sendo feitas, fatos a serem esclarecidos”.
E criticou que o ministro da Justiça não dê a autonomia devida à Polícia Federal.
“É sempre a mesma história. Como a Polícia Federal é subordinada ao ministro da Justiça, sempre teremos esse problema. A autonomia da polícia que Moro disse que existe, não existe”.
Sobre destruição do conteúdo das gravações, que Moro teria dito ao ministro José Otávio de Noronha, Edivandir disse que é preciso saber o que exatamente foi dito nessa conversa.
“Não sabemos como foi essa conversa. Destruição pode até ocorrer, a depender do entendimento do juízo, e no final do processo. Se o crime é vazamento acho que nem faz sentido agora. Em algum momento, até devem ser destruídas, mas com o procedimento correto. Mas não sabemos o que exatamente foi dito pelo ministro. Pode ter dito que em algum momento isso vai ocorrer. Não sabemos”.
Da Veja