Em qualquer país democrático, perseguir jornalista seria escândalo
Deputados perguntaram a Sérgio Moro se era verdade que a Polícia Federal pedira ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) do Ministério da Fazenda um relatório sobre as atividades financeiras do jornalista Gleen Greenwald, editor do site The Intercept e autor das reportagens sobre a troca de mensagens entre o ex-juiz e procuradores da Lava Jato.
A Polícia Federal é subordinada ao Ministério da Justiça e da Segurança Pública comandado por Moro. O ex-juiz poderia ter confirmado ou negado que o relatório fora pedido.
À sua maneira cada vez mais esquiva e arrogante de dar explicações sobre o que lhe compete, Moro limitou-se a responder assim:
– A questão da investigação está com a Polícia Federal. Não há qualquer perseguição à jornalista e qualquer questionamento a esse respeito tem que ser feito à PF. Respeitamos a liberdade de imprensa.
O jornal Folha de S. Paulo procurou a Polícia Federal como Moro havia sugerido.
A Polícia Federal disse que não confirma se pediu ao COAF relatório sobre as atividades financeiras de Greenwald.
Autores de reportagens que causem embaraços a figuras públicas poderão doravante ter sua vida financeira devassada por órgãos do governo e sem prévia autorização judicial.
Em qualquer país democrático, isso seria tratado como escândalo e denunciado como crime.