Excesso de nomes embaralha disputa à Prefeitura de SP

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Foto: Guilherme Cunha

A 15 meses da eleição municipal, movimentações internas nos partidos embaralham a disputa pela Prefeitura de São Paulo, considerada a mais importante pelas siglas.

A possível ida de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) aos EUA, a guerra entre a deputada federal Tabata Amaral e seu partido, o PDT, e o movimento do prefeito Bruno Covas (PSDB) contra seu correligionário mineiro Aécio Neves têm efeito no cenário ainda incerto de pré-candidaturas.

No PSL, o diretório estadual paulista é comandado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, que deve ser indicado pelo pai, o presidente Jair Bolsonaro (PSL), à embaixada dos Estados Unidos.

Seu afastamento da vida partidária pode beneficiar a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), que quer disputar a prefeitura e diz ter o apoio de Bolsonaro.

Embora conte com outros colegas, como o deputado federal Alexandre Frota (PSL-SP), Joice enfrenta resistência de Eduardo e de seu núcleo, o senador Major Olímpio (PSL-SP) e o deputado estadual Gil Diniz (PSL), que é vice-presidente do diretório e líder da bancada.

“Não queremos um candidato do PSDB dentro do PSL, ou do PSL apoiado pelo PSDB”, resume Gil, sem mencionar a deputada. A alfinetada é por conta da proximidade entre Joice e o governador João Doria (PSDB).

Eduardo trabalhou para filiar o apresentador José Luiz Datena e lançá-lo candidato do PSL à prefeitura, mas a possibilidade é remota. Segundo integrantes do partido, Datena não mostrou tanto interesse e é alvo de bolsonaristas por ter sido filiado ao PT.

Outro nome que se coloca é o da deputada estadual Janaina Paschoal (PSL), recordista com mais de 2 milhões de votos. Janaina, no entanto, têm recusado a ideia.

O próprio Gil, que segundo as regras do partido deve herdar o diretório estadual na ausência de Eduardo, se coloca como pré-candidato. “Tenho a confiança da bancada estadual, de alguns federais, do Eduardo e do presidente. Gosto de tocar meu mandato, mas estou à disposição se essa for a missão”, afirma.

Gil diz não ter conversado ainda com Eduardo sobre o futuro da sigla em São Paulo porque não está definido que o filho do presidente será mesmo embaixador em Washington.

Para resolver as disputas internas de forma democrática, a tendência é que o PSL faça prévias para definir seu candidato à prefeitura. À Folha, o presidente do partido, Luciano Bivar, disse que a decisão cabe ao diretório paulista.

Caso Joice viabilize sua candidatura e vença as prévias, terá o apoio de todo o partido, afirma Gil. Para facilitar sua candidatura, a deputada busca controlar o diretório municipal do PSL, que está suspenso atualmente por não ter prestado contas à Justiça Eleitoral no passado.

Advogados do PSL correm com a papelada para restabelecer o diretório a tempo de lançar candidaturas —ou o partido não terá candidatos a vereador e a prefeito em São Paulo. Até agora, não há nomes cogitados para comandar o PSL paulistano.

Na última semana, também despontou na corrida o nome de Tabata Amaral. A deputada de 25 anos formada em Harvard já era mencionada pelo presidente do PDT, Carlos Lupi, como uma opção para a Prefeitura de São Paulo. Ela, no entanto, contrariou determinação da sigla ao votar a favor da reforma da Previdência e agora está ameaçada de expulsão.

Os ataques de Lupi e de Ciro Gomes (PDT) contra Tabata deram visibilidade à deputada, que recebeu convites de PSDB, Rede, Cidadania e PSD.

“Não digo que não há possibilidade de ela concorrer pelo PDT, mas os cristais quebraram-se. Quando cristal quebra, para tentar voltar à forma original é muito difícil. Mas com certeza teremos candidato à prefeito em São Paulo. Estamos avaliando”, diz Lupi.

Os nomes cogitados são de Gabriel Chalita, Luiz Antônio de Medeiros Neto e Nelson Marconi, economista da FGV.

Mesmo diante do imbróglio no PDT, há líderes políticos de outros partidos crentes de que Tabata estará na eleição municipal. Por representar a nova política, defender a educação e quebrar a lógica de polarização esquerda-direita, a deputada tornou-se nome cobiçado.

Também há adversários céticos, que apontam sua inexperiência e a possibilidade de ser derrotada em debates. Para estes, ela seria uma boa candidata a vice.

A própria deputada já afirmou que não tem interesse em disputar a prefeitura e está focada em seu mandato. Tabata, que é apoiada pelos movimentos de renovação política Acredito e Renova BR, tem com este último o compromisso de cumprir os quatro anos na Câmara.

Aliados apostam que ela não será candidata e afirmam que o embate na Previdência, que opôs seu partido político e os movimentos dos quais faz parte, mostra que ela segue suas convicções.

Outro que se viu às voltas com disputas internas no partido foi o prefeito Bruno Covas, que busca a reeleição pelo PSDB. O diretório municipal, controlado pelo seu aliado Fernando Alfredo, aprovou um pedido de expulsão de Aécio Neves.

Covas, então, subiu o tom e afirmou: “Ou ele ou eu”. Tomou uma bronca pública do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que tuitou: “Jogar filiados às feras, principalmente quem dele foi presidente, sem esperar decisão da Justiça, é oportunismo sem grandeza. Não redime erros cometidos nem devolve confiança”.

Para tucanos ouvidos pela reportagem, o desentendimento foi pontual e não contaminou o apoio do partido à reeleição de Covas. Pelo contrário: a avaliação é a de que o prefeito ganhou pontos com o eleitorado, que associa o PSDB aos escândalos de corrupção de Aécio.

“Ele saiu fortalecido. Tomamos uma posição e demos uma resposta à sociedade. Agora cabe ao diretório nacional”, diz Alfredo. “Covas tem o apoio dos tucanos históricos e de João Doria, que é a maior liderança que o PSDB tem hoje.”

Houve quem dissesse, porém, que o ataque de Covas foi imaturo e demonstrou fragilidade política. O diretório do PSDB mineiro, por exemplo, respondeu apontando que há membros paulistas também envolvidos em denúncias e que o próprio prefeito é acusado de improbidade administrativa.

Embora não tenha afastado a velha guarda tucana, que admira Covas pela postura social-democrata e pelo próprio sobrenome do avô, Mario Covas, o movimento teria deixado o prefeito mais próximo de Doria, que defende a faxina no PSDB.

Contar só com o governador, no entanto, é arriscado —Doria já atropelou seu padrinho Geraldo Alckmin e tem outros aliados na corrida pela prefeitura, como Joice e Filipe Sabará (Novo), que integra seu governo. Foi Doria também quem convidou Tabata a migrar para oPSDB.

Aliados do governador dizem, porém, que ele está fechado com Covas. Reeleger o prefeito, que foi seu vice, é importante no seu projeto de tornar-se presidente. O PSDB costura uma aliança ampla com as siglas da base do prefeito.

Já no campo da esquerda, além do PDT, o PSOL lançará candidato, provavelmente o deputado Carlos Giannazi, e o PT trabalha com quatro nomes: Eduardo Suplicy, Jilmar Tatto, Carlos Zarattini e Paulo Teixeira.

O ex-prefeito Fernando Haddad, que concorreu ao Planalto, descartou a ideia de disputar. Sua mulher, Ana Estela Haddad, que teve o nome cogitado, deve concorrer ao cargo de vereadora.

“Vamos antes avançar numa construção de diagnósticos da cidade e depois decidiremos o nome. A ideia é dialogar com outros partidos de esquerda e formar pontes para um segundo turno”, diz o deputado estadual Paulo Fiorilo, presidente municipal do PT.

O PSB deve lançar o ex-governador Márcio França. E corre por fora o deputado Arthur Mamãe Falei (DEM), que quer disputar a prefeitura e recebeu convites de outros partidos —não está definido se ele se candidataria pelo DEM ou se deixaria a sigla.

QUEM SÃO OS POSSÍVEIS CANDIDATOS À PREFEITURA DE SÃO PAULO?

PSDB: Bruno Covas
PSL: Joice Hasselmann, José Luiz Datena, Gil Diniz
PT: Eduardo Suplicy, Paulo Teixeira, Carlos Zarattini, Jilmar Tatto
PDT: Gabriel Chalita, Nelson Marconi, Luiz Antônio de Medeiros Neto
PSOL: Carlos Giannazi
Novo: Filipe Sabará, Christian Lohbauer
PRB: Celso Russomanno
Sem partido definido: Tabata Amaral, Arthur Mamãe Falei

Da FSP