Para juristas, novas mensagens comprovam má conduta de Moro
Políticos, juristas e ministros do Supremo avaliam que a nova publicação de diálogos entre o ex-juiz Sergio Moro e procuradores da Lava Jato elevou a pressão sobre o agora ministro da Justiça.
Dois integrantes do STF disseram que, nas conversas publicadas pela revista Veja em parceria com o The Intercept, há, pela primeira vez, indicação cristalina de, no mínimo, falta administrativa grave. Até operadores do direito que estavam ao lado de Moro ou em posição de observação deram passo atrás.
Os trechos com maior repercussão no universo jurídico são os que indicam que Moro, então juiz, solicitou a inclusão de documentos em peças de acusação e também orientou investigadores a retardarem o cadastramento de papéis que imputavam pessoas com foro privilegiado, manipulando o timing de remessa de informações ao STF.
Para Reale, as conversas registradas pela revista e pelo site apontam “um interesse do juiz em favor da acusação, tanto faz contra Lula, Cunha ou Cabral”. “O que espanta é essa proximidade. Conspirando contra a defesa. Presumia-se que a 13ª Vara fosse um juízo rigoroso, mas não comprometido.”
Integrantes da elite acadêmica do direito sinalizam entendimento na mesma direção. Entre os políticos, é consenso que os diálogos publicados nesta sexta-feira (5) adicionam novo componente à crise. A solução, eles afirmam, só virá do Supremo. Moro rechaça qualquer ilegalidade.
É crescente, portanto, a expectativa sobre a reação da corte. A avaliação, hoje, é a de que o presidente do STF, Dias Toffoli, mantém distanciamento do caso. O que dirigentes partidários indagam é se permanecerá nessa atitude até agosto, na volta do recesso, com a possibilidade de mais revelações.
Mas Moro mantém apoios valiosos no STF. Há na corte quem ainda defenda o ex-juiz –embora veja com preocupação sinais de ofensiva sobre jornalistas, como a investigação de Glenn Greenwald.
Da FSP.