Tabata é favorável à reforma e lidera um grupo dentro do PDT que também promete acompanhá-la na votação. O ex-ministro Ciro Gomes, candidato derrotado do PDT à Presidência da República, chegou a telefonar nesta terça para a deputada, pedindo para que ela seguisse a orientação do partido, mas não obteve sucesso.
“Eu fiz um apelo humilde pelo voto dela, para que seja contrário à reforma da Previdência”, afirmou Lupi ao Estado. “O governo tem um poder de convencimento que a gente não tem. Nós temos as palavras e eles têm emendas. Eles têm olhos azuis e nós, negros. Então, muita gente usa a Tabata para se proteger da decisão, alguns por convicção e outros por utilidade pública.”
Ciro, por sua vez, disse que o governo recorreu ao “toma lá, dá cá” que tanto criticou para aprovar a reforma da Previdência no Congresso. Na conversa por telefone com Tabata, o ex-ministro fez de tudo para convencê-la a mudar de opinião, mas ela alegou que, após negociações, o governo atendeu às reivindicações da bancada feminina e alterou até mesmo o cálculo da aposentadoria.
Contrariado, Ciro foi às redes sociais e pregou a expulsão dos pedetistas desobedientes. “A tentativa de compra de votos por dinheiro de emendas ou ofertas mentirosas a Estados e municípios ronda, neste momento, até os partidos de oposição”, escreveu ele no Twitter. “Defenderei que o PDT expulse aqueles que votarem contra o povo nesta reforma de previdência elitista.”
De acordo com o Placar da Previdência, 7 dos 27 deputados do PDT são favoráveis à reforma da Previdência, enquanto 13 são contrários. Outros quatro se dizem indecisos e três não quiseram responder, incluindo Tabata. “Já estou aqui sofrendo e tento a todo custo uma saída para evitar expulsões”, afirmou Lupi.
No PSB do governador de Pernambuco, Paulo Câmara, também há um racha e uma parte da bancada quer avalizar a proposta do governo.
Lupi disse que, na convenção nacional realizada em 18 de março, o PDT fechou questão contra a reforma da Previdência. “Desrespeitar essa decisão é muito grave”, argumentou ele, ao destacar que quem o fizer enfrentará processo na Comissão de Ética. Procurada pelo Estado, Tabata não quis comentar a ameaça de expulsão.
Do Estadão