
Preso pela Lava Jato, Eike Batista diz ser fã da operação

“Eike vai estar no Empreende Brazil hoje, vai palestrar sobre como ser um grande empresário sonegador?” O próprio Eike Batista, de volta ao Twitter desde junho, após uma pausa de um ano e meio, reproduziu no sábado (6) essa mensagem de uma mulher e a respondeu com letras em caixa alta, como é sua praxe na rede social:
“BOBINHA, PAGUEI O MAIOR IMPOSTO JAMAIS PAGO POR UMA PESSOA FÍSICA! 2 BILHÕES DE REAIS EM 2008!! E AGORA, DONZELA?”
E agora, Eike? “Não sou esse peixe que quer se misturar nas águas turvas da Lava Jato, os empreiteiros”, diz à Folha.
“Eu apostei num governo que não teria problema de abrir mão da riqueza do pré-sal para o setor privado. Que as encomendas que viriam para o meu estaleiro lá no Açu, viriam porque seria um mercado aberto.
Ganharia quem fosse o mais eficiente. Não nessa mamata que foi criada com os empreiteiros. Eu não tenho nada a ver com isso.”
Apesar dos argumentos, o empresário, que já foi o homem mais rico do Brasil e o sétimo do mundo, ficou detido por três meses em 2017, num desdobramento da Lava Jato, e se vê às voltas com uma condenação a 30 anos de prisão, acusado de pagar propina para o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral —recorre dela em liberdade.
O sr. está trabalhando como consultor para novos empreendedores?
Tenho um método 360 graus de empreender. Ele analisa várias disciplinas que um empreendedor tem que dominar ou ele vai falhar. Por exemplo, eu falhei no passado recente, na área de engenharia de pessoas. Meu sistema não foi capaz de identificar desonestidade e falta de caráter —o que é difícil. Não tenho bola de cristal para ver isso.
É a isso que o sr. associa a sua prisão?
À falta de uma bola de cristal para identificar maus elementos? Isso é você que está falando.
O sr. diz que falhou no passado recente.
Falei dos resultados das empresas. Realmente, se você tem um grupo de pessoas que não te comunica de fato o que está acontecendo, é aquela velha história: o que entra de informação de um grupo técnico trabalhando numa área específica vai para o conselho [de administração, responsável por traçar e avaliar planos de longo prazo]e pra mim. E você toma decisão em cima daquilo. Essa informação tem que ser transparente, honesta. É realmente um desvio das pessoas.
Como avalia o governo Jair Bolsonaro? Olha, sempre disse isso e ninguém nunca prestou atenção, nem vocês da mídia. A minha família, eu também sempre fomos apolítico. Enxergo o Brasil com um potencial extraordinário. Mesmo no petróleo. Eu sempre falei do petróleo. Tem hoje uma Arábia Saudita no pré-sal. O Brasil que eu sempre apoiei foi um Brasil que deu certo.
O sr. falou agora há pouco que ficou parado nos últimos três, quatro anos porque estava acertando contas com o passado. Na verdade, o sr. estava preso até 2017.
Em relação à condenação, só para ficar claro: o Sérgio Cabral, réu confesso, admitiu —e está gravado isso— que com Eike Batista nunca teve toma lá dá cá. Então, me ressinto com a mídia em geral, porque vocês não estressam isso. É essencial.
O sr. está de volta ao Twitter e sempre usa o capslock. Por quê?
Meu pai, com certa idade, tinha dificuldade de ler a letra pequena. Me habituei a me comunicar com ele em caixa alta e nunca mais saí.
O sr. diz que está em busca de unicórnios, novos negócios que dão certo. Quais são?
Estou me dedicando àquelas áreas em que sempre tive sucesso, nunca falhei, que é na área da mineração.
Algum projeto específico?
Minério de ouro, de ferro, de fertilizantes. Áreas nas quais o Brasil é muito rico e diferenciado em relação a outros países do mundo. Estou voltando nessa área em peso.
Da FSP