Angela Merkel quer discutir incêndios na Amazônia no G7
Os incêndios na Amazônia são uma situação urgente que deve ser debatida no encontro de cúpula do G7, afirmou nesta sexta-feira (23) um porta-voz da primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel.
A chanceler é a terceira líder do G7 que sinaliza que o grupo, que se reunirá neste fim de semana em Biarritz, sudoeste francês, pretende discutir o fogo na floresta amazônica. Emmanuel Macron, da França, e Justin Trudeau, do Canadá, já se pronunciaram na mesma linha de Merkel. Estados Unidos, Reino Unido, Itália e Japão também compõem o grupo.
“A magnitude dos incêndios é preocupante e ameaça não só o Brasil e os outros países afetados, mas também o mundo inteiro”, disse Steffen Seibert, representante de Merkel.
As queimadas na Amazônia aumentaram 82% de janeiro a agosto, na comparação com o mesmo período do ano passado, e se intensificaram nas últimas semanas. Na noite de quinta-feira (22), o presidente Jair Bolsonaro fez reunião de emergência com ministros para discutir que medidas devem ser tomadas.
Reino Unido manifesta preocupação
O Reino Unido também está preocupado com os incêndios na floresta amazônica. De acordo com o gabinete do primeiro-ministro Boris Johnson, ele vai dizer no encontro de cúpula do G7 que é preciso renovar o foco na proteção da natureza.
“O primeiro-ministro está gravemente preocupado pela alta da quantidade de incêndios na floresta amazônica e o impacto de trágicas perdas nesse habitat”, disse um porta-voz.
Macron, da França, diz que tema é urgente
O presidente da França, Emmanuel Macron, também afirmou em uma rede social na quinta-feira (22) que é preciso discutir o tema na reunião.
“Nossa casa queima. Literalmente. A Amazônia, o pulmão de nosso planeta, que produz 20% de nosso oxigênio, arde em chamas. É uma crise internacional. Membros do G7, vamos nos encontrar daqui a dois dias para falar dessa urgência!”, escreveu o francês.
Apesar da afirmação de Macron e de a Amazônia ser fundamental para o equilíbrio do planeta, a floresta não pode ser considerada o pulmão do mundo, pois consome a maior parte do oxigênio que produz, segundo estudos científicos. A maior parte do oxigênio da atmosfera é produzido pela flora marítima.
Canadense também quer falar sobre Amazônia
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, respondeu ao francês na mesma rede social.
“Eu não poderia concordar mais, Emmanuel Macron. Nós trabalhamos muito para proteger o ambiente no G7 no ano passado em Charlevoix, e precisamos que isso continue neste fim de semana. Precisamos agir pela Amazônia e agir pelo nosso planeta — nossos filhos e netos contam conosco.”
Os países que participam do G7 são:
- Alemanha
- Canadá
- Estados Unidos
- França
- Itália
- Japão
- Reino Unido
Acordo entre o Mercosul e a União Europeia
O primeiro-ministro da Irlanda, Leo Varadkar, afirmou que o país vai buscar bloquear o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE), a não ser que o Brasil proteja a floresta amazônica, de acordo com jornais irlandeses.
O voto para ratificar o tratado comercial está agendado para dois anos, e nesse tempo o Brasil será monitorado, segundo o irlandês.
Varadkar também comentou as afirmações, sem evidência, de Jair Bolsonaro de que ONGs podem estar por trás de queimadas na Amazônia para ‘chamar atenção’ contra o governo.
O irlandês classificou essa alegação como “orwelliana”, em uma referência ao romancista George Orwell, que escreveu livros de temáticas distópicas.
Ativista também se manifesta
A ativista adolescente Greta Thunberg, da Suécia, também se pronunciou sobre o tema. “Até aqui no meio do Oceano Atlântico eu escuto sobre o recorde de incêndios devastadores na Amazônia. Meus pensamentos estão com os afetados. Nossa guerra contra a natureza precisa terminar”, ela escreveu.
Ela está no meio de uma viagem de veleiro entre o Reino Unido e Nova York, onde vai participar de uma reunião da ONU.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse na quinta (22) estar profundamente preocupado com os incêndios na floresta amazônica.
Resposta de Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro respondeu ao francês Macron pelas redes sociais na quinta (22). Ele disse lamentar que o presidente da França “busque instrumentalizar uma questão interna do Brasil” para “ganhos políticos pessoais” e criticou o “tom sensacionalista” sobre a Amazônia.
Ele também disse que o francês se refere à Amazônia “apelando até para fotos falsas”. A imagem que Macron usou junto com seu texto na rede social é antiga. Ela foi feita pelo fotógrafo americano Loren McIntyre, que morreu em 2003.
Para Bolsonaro, a declaração de Macron “evoca mentalidade colonialista descabida no século XXI”.