Ao contrário do mundo, Olavo acha que Bolsonaro venceu Macron

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WASHINGTON

Homenageado na embaixada brasileira nos EUA, o polemista Olavo de Carvalho afirmou nesta quinta-feira (29) que o Brasil saiu ganhando da crise internacional em torno das queimadas na Amazônia e que o presidente francês, Emmanuel Macron, uniu o país em torno de Jair Bolsonaro.

Com uma faixa azul por cima do paletó escuro, que representava a medalha Grão-Cruz da Ordem do Rio Branco que acabara de ganhar, Olavo discorreu sobre a disputa entre os líderes mundiais a respeito do incêndio que atinge a floresta e alinhou seu discurso ao do Planalto ao dizer que é preciso ocupar militarmente a Amazônia.

Para ele, fiscalização e medidas legais sobre desmatamento não são soluções a serem consideradas neste momento, mas o envio de militares é necessário para a afirmação da soberania nacional na região.

“A ideia de intervenção estrangeira na Amazônia é absurda. Nenhum governo jamais conseguiria isso. Ele [Macron] conseguiu unir o Brasil em torno de Bolsonaro. Qualquer presidente que estivesse lá representaria a unidade nacional, falaria ‘não queremos esses caras mandando em nós'”, afirmou, em referência à cúpula do G7, realizada no último fim de semana, na França.

Anfitrião do encontro entre os sete países mais ricos do mundo, Macron chamou as queimadas na Amazônia de crise internacional e disse que era preciso discutir o tema durante as reuniões, que não contavam com a presença de um representante do governo brasileiro.

“Na Amazônia ninguém sabe o que passa, aquilo é grande demais, não tem fiscalização. A única coisa que adianta é o que ele [Bolsonaro] diz: tem que mandar o Exército para lá. O resto não adianta. Medidas legais, fiscalização não adianta, aquilo tem que ser ocupado militarmente. A Amazônia é nossa e tem que afirmar o poder nacional lá e acabou”, completou Olavo.

Questionado sobre o desmonte que o governo tem feito em órgãos de fiscalização ambiental, o escritor disse acreditar que a ocupação de ONGs na floresta e a instrumentalização da mídia são os fatores que contribuíram para a repercussão negativa do tema no cenário internacional.

Macron anunciou uma ajuda de cerca de R$ 83 milhões para o combate dos incêndios, recursos inicialmente negados por Bolsonaro. O presidente brasileiro disse que voltaria atrás caso o francês retirasse o que classificou como insultos à soberania nacional do país.

Antes de conversar com jornalistas sobre a Amazônia, Olavo fez um discurso de cerca de 15 minutos, no qual citou o líder da Revolução Russa, Vladimir Lênin, para justificar sua mudança para os EUA, onde vive há mais de dez anos.

“Mudei aqui para os EUA inspirado por uma frase adivinhem de quem? Lênin. Lênin disse: ‘As revoluções se fazem no exterior'”, afirmou, arrancando risos dos convidados.

Olavo disse que não se envolveu com a política americana —”negócio enormemente complexo, que jamais vou entender”— para se concentrar no trabalho pelo Brasil. “Parece que a coisa funcionou.”

Sua tese é que seu curso online —com mais de 400 aulas no YouTube— é uma “fábrica de gênios” para substituir os intelectuais de esquerda no país.

Entre elogios a Bolsonaro, porém, Olavo negou o título de guru ideológico do governo, mas disse que seu trabalho é um pedaço da administração do presidente.

“Perguntam por que votei no Bolsonaro: ele é um sujeito honesto. Mas e as ideias políticas dele? Não tenho a menor ideia. E a ideologia dele? Não tenho a menor ideia da ideologia do Bolsonaro, mas sei que ele é um homem honesto e vai dar o melhor de si para resolver os problemas reais, e isso ele está fazendo. E eu considero que esse meu trabalho é um pedacinho desse governo.”