Chefe da bancada evangélica é campeão de gastos na Câmara
Escolhido para presidir a Frente Parlamentar Evangélica em maio deste ano, o deputado federal Silas Câmara (PRB-AM) é o campeão de gastos da cota parlamentar na Câmara dos Deputados até agora.
Entre janeiro e julho, o deputado gastou quase R$ 288 mil da cota, de acordo com as notas fiscais apresentadas ao sistema da Câmara até a última quarta (7). O segundo colocado é Hélio Leite (DEM-PA), com R$ 284 mil. Os resultados são provisórios: os deputados ainda têm três meses para apresentar faturas de despesas anteriores.
Só com fretamento de aviões, Silas Câmara declarou despesas de R$ 50 mil, dos quais R$ 34 mil se referem a um aluguel de aeronave privada em janeiro, durante o recesso parlamentar. Em “divulgação de sua atividade parlamentar” usou R$ 80 mil em dois meses.
Pastor da Igreja Assembleia de Deus Missão, Câmara se tornou um dos deputados mais poderosos do Congresso porque é a face pública de uma bancada evangélica (com 120 deputados, a frente é maior do que qualquer partido) e está fortemente alinhada a Bolsonaro.
Silas Câmara recebeu o presidente para almoçar em sua casa nesta quarta, já foi convidado por Bolsonaro para dividir o avião presidencial e coleciona fotos que demonstram a sua proximidade com ele – a mais rumorosa uma selfie em que aparece de olhos fechados, ao lado do presidente, durante uma oração em um culto na Câmara dos Deputados em maio.
A cota parlamentar é distribuída de acordo com o Estado que o deputado representa. No caso do Amazonas, o valor máximo é de R$ 43.500 mensais. A maioria dos deputados não gasta toda a cota.
Para efeito de comparação, outros sete deputados do Estado gastaram entre R$ 110 e 250 mil neste mesmo período.
Este ano, Silas Câmara sofreu um revés após a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pedir ao Supremo Tribunal Federal prisão e multa por acusação de peculato. Segundo a denúncia, o deputado teria pago, com verba pública, uma cozinheira, um limpador de piscina e um motorista que lhe prestavam serviços particulares, não ao gabinete.
Contra a “indústria da multa” das igrejas
Embora marcados por divisões, os evangélicos foram o grupo de eleitores que mais sustentou, proporcionalmente, a eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência da República.
Agora, este apoio é recompensado com uma influência inédita no Palácio do Planalto. Bolsonaro estava ao lado de Silas Câmara num culto da bancada evangélica na Câmara, no mês passado, quando prometeu nomear um ministro “terrivelmente evangélico” para o Supremo Tribunal Federal.
Enquanto nenhum ministro do STF se aposenta, Bolsonaro afaga a bancada evangélica em outra área: a tributária.
Na quarta-feira, o presidente levou os ministros Paulo Guedes (Economia), Jorge Oliveira (Secretaria Geral de Governo) e o advogado-geral da União, André Mendonça, para almoçar na casa de Silas Câmara, em Brasília. Mendonça, aliás, já é ventilado como o “terrivelmente evangélico” que pode ser indicado ao Supremo.
Lá, discutiram usar a reforma tributária, próxima prioridade do governo no Congresso, para acabar com o que classificam de “indústria da multa” contra igrejas, segundo reportagem do jornal Valor Econômico. O alvo seriam as autuações da Receita Federal contra instituições religiosas.
“O que está acontecendo, na avaliação de contadores, é uma espécie de abuso de autoridade [da Receita Federal] (…) Vamos trabalhar agora na reforma tributária para que fique claro essas brechas que dão cabimento a esse tipo de autuação (…)”, disse o deputado ao jornal.
Também participaram do almoço na casa de Silas Câmara os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-RR), e do STF, Dias Toffoli.
Enquanto nenhum ministro do STF se aposenta, Bolsonaro afaga a bancada evangélica em outra área: a tributária.
Na quarta-feira, o presidente levou os ministros Paulo Guedes (Economia), Jorge Oliveira (Secretaria Geral de Governo) e o advogado-geral da União, André Mendonça, para almoçar na casa de Silas Câmara, em Brasília. Mendonça, aliás, já é ventilado como o “terrivelmente evangélico” que pode ser indicado ao Supremo.
Lá, discutiram usar a reforma tributária, próxima prioridade do governo no Congresso, para acabar com o que classificam de “indústria da multa” contra igrejas, segundo reportagem do jornal Valor Econômico. O alvo seriam as autuações da Receita Federal contra instituições religiosas.
“O que está acontecendo, na avaliação de contadores, é uma espécie de abuso de autoridade [da Receita Federal] (…) Vamos trabalhar agora na reforma tributária para que fique claro essas brechas que dão cabimento a esse tipo de autuação (…)”, disse o deputado ao jornal.
Também participaram do almoço na casa de Silas Câmara os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-RR), e do STF, Dias Toffoli.
O BuzzFeed News tentou entrevistar desde segunda-feira o deputado, mas não obteve resposta de seu gabinete.
Ele não atendeu o telefone celular, que estava desligado, nem respondeu aos questionamentos enviados por mensagem. Uma de suas assessoras afirmou que o deputado não se manifestou sobre dar ou não uma resposta à reportagem.
Veja aqui os gastos do deputado:
Em janeiro, mês de recesso parlamentar, ele gastou R$ 34 mil no fretamento de uma aeronave, além de R$ 3.422,34 em passagens aéreas e R$ 10 mil em divulgação do mandato.
Do Buzzfeed