Manuela entrega celular à PF e depõe
A Polícia Federal tomou nesta quarta-feira o depoimento da ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) sobre seu contato com o hacker Walter Delgatti Neto , responsável pelas invasões do aplicativo Telegram dos celulares do ex-juiz Sergio Moro e de integrantes da Lava-Jato. A ex-parlamentar também entregou ontem seu celular à PF, para que seja submetido à perícia com o objetivo de confirmar o teor dos diálogos. Ela negou irregularidades no contato com Delgatti Neto.
O depoimento de Manuela era uma das últimas diligências necessárias para fechar a primeira parte do inquérito da PF na Operação Spoofing. O hacker já havia admitido aos investigadores que foi o responsável por enviar o material dos celulares da Lava-Jato ao jornalista Glenn Greenwald, do site “The Intercept”, responsável pelas publicações de reportagens com base em conversas entre integrantes da Lava-Jato.
Quando a operação estourou, Manuela estava no exterior e avisou à PF que prestaria os esclarecimentos quando voltasse ao Brasil . Manuela esteve ontem na PF para ser ouvida no caso.
No relato à PF, a ex-deputada afirmou que o hacker a procurou contando ter copiado conteúdo de celulares de integrantes da Lava-Jato. Manuela disse que se limitou a intermediar o contato dele com o jornalista Glenn Greenwald, do site “The Intercept”.
Há cerca de um mês, a defesa da ex-deputada já havia entregado aos investigadores uma cópia da conversa mantida por ela com Delgatti Neto. Segundo fontes da investigação, os diálogos mostram que a iniciativa partira de Delgatti e que ele insistiu no assunto com ela, que então o recomendou procurar Glenn Greenwald.
Acusados estão presos
Os quatro alvos da Operação Spoofing, deflagrada em 23 de julho, permanecem presos preventivamente. Apontado como líder do grupo, Walter Delgatti Neto admitiu à PF que entrou no aplicativo Telegram dos investigadores da Lava-Jato, incluindo do coordenador Deltan Dallagnol, e que copiou o conteúdo, posteriormente repassado ao site. Os demais alvos da Spoofing são mantidos presos por suas conexões com Delgatti.
Gustavo Henrique Elias Santos, Suellen Oliveira e Danilo Cristiano Marques são suspeitos de atuarem em conjunto com Delgatti em outros crimes, como estelionato e fraudes bancárias. A PF, porém, até agora não obteve provas de que eles também atuaram diretamente na invasão do Telegram dos investigados. Os três ainda estão mantidos presos, já que tiveram pedidos de habeas corpus negados pela 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília e pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).
De acordo com fontes da PF, o delegado Luís Flávio Zampronha deve finalizar uma primeira parte do inquérito com foco na atuação de Walter Delgatti Neto, já que a existência de pessoas presas diminui o prazo legal para a conclusão da investigação e apresentação de denúncia. Num segundo momento, Zampronha prosseguiria investigando se há um financiador por trás dos ataques. A PF ainda busca o possível elo financeiro do grupo criminoso, por meio de quebra de sigilos bancário e do acesso a informações de operadoras de criptomoedas, conhecidas como bitcoins.
De O Globo