Nomeados para a Comissão de Mortos e Desaparecidos querem enterrar o passado
As recentes polêmicas sobre desaparecidos políticos geradas pelo presidente Jair Bolsonaro, que trocou nesta quinta-feira (01) quatro membros da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos, não são totalmente aprovadas pela cúpula militar do governo, que preferia dar como “página virada” o debate sobre o período de repressão, marcado por mortes e torturas, durante a ditadura militar no Brasil.
Em conversa com o blog, interlocutores de militares do atual governo dizem que o presidente da República tem todo o direito de promover trocas na comissão, que funciona desde 1995, colocando no órgão nomes mais alinhados à sua ideologia.
Afirmam, inclusive, que as mudanças já estavam previstas antes mesmo da polêmica envolvendo o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, mas foram aceleradas depois dela.
O que os militares avaliam como desnecessário e contraproducente tanto para o governo como para as Forças Armadas é retomar toda a discussão sobre o que aconteceu no período de repressão da ditadura, que desgasta a imagem delas. Segundo esses interlocutores, esse tema estava fora da agenda do país e assim deveria continuar.
A atual cúpula militar não participou do período de repressão da ditadura e sempre procurou mudar a imagem das Forças Armadas.
Aposta, inclusive, que o governo Bolsonaro é uma boa oportunidade para atingir esse objetivo, mostrando que os militares têm compromisso com a democracia e condições de recuperar o país tanto do ponto de vista ético como econômico.
O problema, dizem interlocutores dos militares, é que o presidente Jair Bolsonaro já deixou claro que não irá mudar seu estilo e seguirá defendendo sua versão sobre o que aconteceu no período militar, mesmo que contrarie até documentos oficiais do Estado brasileiro.
O ideal, diz um interlocutor da cúpula militar, é que o presidente atuasse como um “pacificador” e evitasse gerar polêmicas, que até podem reforçar sua posição junto a seu eleitorado, mas desgastam a imagem do seu governo junto à maioria da população.
Do G1