Trump faz Bolsonaro comprar mais encrenca com árabes

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Foto: Mahmoud Zayat/AFP

Sob pressão dos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (20) que o Brasil deve classificar a organização libanesa Hizbullah como terrorista.

Em entrevista a jornalistas, ele disse que o grupo tem informantes no país na região da Tríplice Fronteira e que, apesar de não serem organizados, são “unidos”.

“Pretendo fazer isso aí. Eles são terroristas”, disse. “Temos informes de que têm pessoas deles por aqui também, [na] Tríplice Fronteira, grupo do crime organizado no Brasil. Eles são unidos. Podem não ser muito organizados, mas são unidos”, ressaltou.

O presidente comparou a atuação da organização libanesa com o MST (Movimento dos Sem-Terra) e a chamou também de “terrorista”.

“São grupos terroristas, como o MST, para mim, também é grupo terrorista. Os caras levam o terror no campo aqui”, disse.

Nas últimas semanas, autoridades brasileiras têm estudado como implementar a classificação, o que não é tão simples.

A legislação brasileira não prevê que um grupo seja declarado terrorista sem que haja um reconhecimento anterior pelo Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, e o chanceler Ernesto Araújo trabalham para que o Hizbullah seja incluído na lista do governo brasileiro, na qual já estão grupos como a Al Qaeda e o Estado Islâmico.

A iniciativa, no entanto, enfrenta forte resistência no Ministério da Defesa, na Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e na Polícia Federal.

Nas palavras de um militar, se ceder à pressão dos Estados Unidos nesse tema, o Brasil criará inimigos que hoje não existem no país e sofrerá uma redução na sua capacidade de conduzir sua política externa de forma independente de Washington.

O Hizbullah (partido de Deus, em árabe) surgiu em 1985 como um movimento de resistência a Israel, que àquela época ocupava o sul do Líbano, e é ao mesmo tempo uma organização armada, um partido político e uma organização social.

O grupo, que segue o ramo xiita do islã, tem representantes no governo libanês, é um importante ator político da região e um aliado histórico do Irã e do regime de Bashar al-Assad na Síria.

Há inúmeros atentados atribuídos ao Hizbullah, incluindo o ataque na Argentina em 1994, razão pela qual EUA, Israel e Argentina, esta mais recentemente, descrevem a organização como terrorista.

A classificação, porém, é polêmica. A Alemanha considera a parte militar do Hizbullah como terrorista, mas não suas alas política e social, enquanto Rússia e China não consideram a organização como terrorista.

Da FSP