Bolsonaro moveu peças para dificultar caminhos de rivais
Em pouco mais de um mês, Jair Bolsonaro moveu peças para dificultar os caminhos de três potenciais adversários dentro de seu campo político expandido. Depois de acusar João Doria e Luciano Huck de se beneficiarem de financiamentos generosos na era petista, o presidente viu o seu PSL migrar para a oposição ao governo Wilson Witzel no Rio.
Bolsonaro já mostrou que pensa muito no próprio futuro. Falou diversas vezes de sua Presidência como um projeto de oito anos e abandonou o discurso contra a reeleição. Os ataques a Doria, Huck e Witzel indicam que a maior ameaça a seus planos é o surgimento de alternativas pelo centro e pela direita.
Faltam três anos para uma nova disputa, mas o presidente trabalha para asfixiar qualquer uma dessas opções no nascedouro. A intenção é desgastar a imagem de nomes que soem mais moderados, vinculando-os à esquerda, e criar dificuldades políticas para aqueles que têm uma plataforma semelhante à sua.
Witzel se encaixa no segundo grupo. O governador do Rio era um azarão na última campanha, mas pegou carona na popularidade crescente de Bolsonaro no estado e disparou para a vitória. No poder, assumiu um programa radical para a segurança, rivalizando com o presidente.
Nas últimas semanas, Witzel reforçou as críticas a Bolsonaro e confirmou sua disposição em concorrer ao Planalto em 2022. O PSL respondeu com um rompimento brusco. Como o partido tem 12 dos 70 deputados estaduais do Rio, a bancada deve passar a dar um pouco mais de trabalho ao governador dentro de casa.
“Nossa oposição não será ao estado do Rio, mas ao projeto político escolhido pelo governador Wilson Witzel”, declarou Flávio Bolsonaro, articulador desse afastamento.
A queda de popularidade do governo animou personagens que têm um pé no eleitorado conservador ou buscam moderação para se contrapor ao presidente. Bolsonaro prefere que esses redutos fiquem desertos. Assim, ele tenta reprisar sua polarização extremada com a esquerda.
Da FSP