Carvalhosa mirou Gilmar por acordo com Petrobras
Modesto Carvalhosa, quase um nonagenário — tem 87 anos — carrega aquela aura de respeitabilidade que lhe conferem a experiência e os cabelos brancos.
O poeta português Antero de Quental, em resposta ao desafeto Antônio Feliciano de Castilho, escreveu o seguinte sobre aquele que lhe havia dirigido uma crítica azeda:
“Levanto-me quando os cabelos brancos de V. Exa. passam diante de mim. Mas o travesso cérebro que está debaixo e as garridas e pequeninas coisas que saem dele, confesso, não me merecem nem admiração nem respeito, nem ainda estima.”
Antero tinha, então, 23 anos; Castilho, 65.
Informa o site “Poder 360”:
Autor do pedido de impeachment do ministro do STF Gilmar Mendes, o advogado Modesto Carvalhosa, 87 anos, representa sócios minoritários da Petrobras numa ação na qual é pedida indenização de R$ 80 bilhões. O caso tramita na Câmara de Arbitragem do Mercado da B3, a Bolsa de Valores de São Paulo.
Gilmar Mendes critica frequentemente o trabalho de integrantes do Ministério Público que atuam na operação Lava Jato e pretendiam criar uma fundação com R$ 2,5 bilhões recuperados da Petrobras.
O acordo, firmado entre procuradores e representantes do governo dos EUA, foi suspenso na semana passada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. Conforme o trato, metade do dinheiro deveria ser destinada a pagar eventuais condenações ou acordos com acionistas que ingressaram com processos, inclusive arbitrais, até 8 de outubro de 2017. Esses acionistas são representados pelo escritório de Carvalhosa.
Ou seja, ao mesmo tempo que pede o impeachment de ministro do STF, Carvalhosa se beneficia da ação empreendida pelo Ministério Público e que é criticada por integrantes do Supremo.
Os interesses de Carvalhosa no caso foram noticiados pelo site Consultor Jurídico.
OUTRO LADO
Procurada pelo Poder360, a assessoria de imprensa de Modesto Carvalhosa informou que o texto do Consultor Jurídico tem dados que não refletem a realidade e que o advogado tomará as medidas cabíveis.
Nesta 4ª feira, Carvalhosa publicou em seu perfil no Twitter que o a reportagem “não se trata de matéria jornalística, mas texto difamatório, feito de inverdades e graves ofensas” a sua honra.
CONCLUSÃO
Os fatos falam por si. Dois procuradores da República se meteram no pedido de impeachment do advogado de um escritório que tem uma causa bilionária envolvendo a Petrobras, que passaria necessariamente pelo crivo do ministro, cujo impeachment se pede.
O que disse mesmo Carvalhosa? “As instituições, assim como as pessoas, quando perdem a sua reputação, é impossível voltar a tê-la.” (Reinaldo Azevedo e Leandro Demori)
De UOL