CPMI Fake News: PSL perde e aplicativos terão que depor
O PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, tenta barrar a convocação dos aplicativos de mensagem instantânea WhatsApp e Telegram e obstruir o funcionamento da CPMI das Fake News, cuja primeira reunião é realizada hoje (10) no Congresso Nacional.
A sigla se opõe à finalidade da comissão mista: investigar a produção e disseminação de notícias falsas e a prática de cyberbulling contra autoridades e cidadãos. A CPMI também vai apurar o compartilhamento de fake news durante a eleição presidencial do ano passado, o que incomoda os correligionários de Bolsonaro.
Os pesselistas argumentam que não há “fato determinado” para a criação da CPMI e alegam que a comissão tem caráter político. “Estão querendo fazer um tribunal de exceção para julgar o presidente e julgar a sua campanha”, afirmou a deputada Carla Zambelli (PSL-SP).
Carla e outros parlamentares do PSL, como o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e os deputados Filipe Barros (PSL-PR) e Caroline de Toni (PSL-SC), formaram uma espécie de tropa de choque do partido na tentativa de obstruir a reunião. Um longo debate, com direito a troca de farpas e acusações mútuas, antecedeu a leitura do plano de trabalho da relatora, Lídice da Mata (PSB-BA).
Em um dos duelos verbais, Flávio Bolsonaro mencionou uma entrevista do presidente da CPMI, Angelo Coronel (PSD-BA), em que ele afirmou à “TV Câmara” de Salvador que pretendia perguntar a Carlos Bolsonaro, irmão de Flávio, se ele “usou fake news para depreciar adversários”. Disse ainda que, em caso de mentira, poderia dar voz de prisão ao depoente.
Flávio questionou Coronel se as declarações dele não poderiam ser entendidas como uma “ameaça” ao irmão, que é vereador no Rio de Janeiro pelo PSC mas tem sido uma figura atuante no governo do pai, sobretudo devido ao impacto de suas postagens nas redes sociais.
Ontem (9), por exemplo, Carlos escreveu no Twitter que, por “vias democráticas”, “não haverá as mudanças rápidas desejadas no país”. A mensagem foi foi alvo de críticas de políticos e da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), que viram nela uma ofensa ao sistema democrático brasileiro.
Coronel respondeu que não ameaçou o filho de Bolsonaro e que parte de sua entrevista foi retirada de contexto.
Além de requerimentos para ouvir representantes do WhatsApp e do Telegram, a CPMI também decidirá hoje pela convocação ou não do Google, Instagram, Youtube e do Twitter — empresas responsáveis por redes sociais, meios de distribuição de notícias entre a população—, além dos responsáveis pelo site noticioso The Intercept Brasil.
Também há pedido para que seja ouvida a professora universitária e blogueira feminista Lola Aronovich, alvo de uma campanha cibernética difamatória e perseguição física no Ceará.
De UOL