Crivella manda censurar HQ com beijo gay na Bienal do Livro
O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), anunciou em postagem nas redes sociais que mandou censurar exemplares do gibi “Vingadores – A Cruzada das Crianças”, expostos na Bienal do Livro.
“A Prefeitura do Rio de Janeiro determinou que os organizadores da Bienal do Livro recolhessem esse livro [Vingadores – A Cruzada das Crianças], que traz conteúdo sexual para menores”, disse Crivella, em vídeo.
O gibi traz imagens de dois rapazes trocando carícias e se beijando, completamente vestidos.
“Livros assim precisam estar embalados em plásticos preto lacrado e, do lado de fora, avisando o conteúdo. Portanto, a Prefeitura do Rio de Janeiro está protegendo os menores da nossa cidade”, disse no vídeo o prefeito.
A organização da Bienal afirmou que não irá recolher nem embalar nenhum livro, pois o conteúdo não é impróprio e nem pornográfico.
Em nota, a Bienal ainda disse que “dá voz a todos os públicos, sem distinção, como uma democracia deve ser. Este é um festival plural, onde todos são bem-vindos e estão representados. Inclusive, no próximo fim de semana, a Bienal do Livro terá dois painéis para debater a literatura Trans e LGBTQA+”.
Sobre o conteúdo, a organização do evento diz que se qualquer pessoa que se sentir ofendida, ou não gostar do material, tem todo o direito de trocar o livro.
O último fim de semana da Bienal do Livro trará destaque para temas LGBT e de diversidade. Numa série de mesas, como “Literatura Trans”, “Feminismo X Machismo” e “Literatura Arco-Íris”, os temas serão discutidos por personalidades como o youtuber Spartakus Santiago, a poeta e slammer Mel Duarte.
CHARGES CENSURADAS EM PORTO ALEGRE
Na terça-feira (3) foram censurados charges, tirinhas e cartuns com conteúdo crítico ao governo de Jair Bolsonaro (PSL), expostos na Câmara de Vereadores de Porto Alegre.
A exposição “O Riso é Risco: Independência em Risco – Desenhos de Humor” deveria ficar em cartaz até 13 de setembro, mas durou menos de 24 horas. As obras foram recolhidas por ordem da presidente da Câmara, a vereadora Mônica Leal (PP).
“São charges ofensivas com o presidente Bolsonaro lambendo botina do Trump, com uma cadeira presidencial vazia com penico em baixo. Mandei retirar a exposição. Fosse o presidente [retratado] que fosse, não importa a sigla que fosse, não é concebível uma exposição que ofenda o presidente da nação”, disse Leal.
Representantes da Associação Riograndense de Imprensa (ARI) disseram que “a censura imposta ao trabalho dos cartunistas, independentemente do conteúdo ou outras razões, é injustificável “.
Da FSP.