No reality cafona do clã Bolsonaro, a hora e a vez da nora Heloísa
A revista Época publicou, em edição desta sexta-feira (13), reportagem intitulada Um Mês de Coaching com Heloísa Bolsonaro, a esposa do deputado federal Eduardo Bolsonaro. A íntegra da matéria só sairá na versão impressa a ser distribuída no sábado (14).
Mas Bolsonaro já se manifestou nas redes, assim como a protagonista e os robôs, a mando do esposo exemplar, ou como Heloísa o chama, ‘meu case de sucesso’.
IMPRENSA SEM LIMITES: sem se identificar, o jornalista João Paulo Saconi, Época / Globo, se passou por gay e fez sessões com minha nora Heloísa (psicóloga, esposa do Eduardo) e gravou tudo. O deveria ficar apenas entre os dois, por questão de ética, agora vem a público. pic.twitter.com/aWzxxcCcJk
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) September 13, 2019
Minha esposa foi enganada por um mau caráter que se diz jornalista da Época/Globo, João Paulo Saconi, que usou da sua boa fé e profissionalismo para manipulá-la e fabricar matéria com o único intuito de assassinar a reputação da família do Presidente.#familiaMarinholixo pic.twitter.com/cu2o9teu7W
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) September 13, 2019
Leia a reportagem publicada nesta sexta-feira (13):
Durante um mês, fui aluno em sessões de coaching on-line da nora do presidente da República e, quem sabe, da futura embaixatriz brasileira em Washington, Heloísa Wolf Bolsonaro, de 27 anos. Há quatro meses, antes de se casar, ela ministrava aulas usando apenas o nome de solteira e cobrava R$ 500 pelo curso mais barato. Com o casamento e o novo sobrenome, o mínimo cobrado pelas aulas saltou para R$ 1.350. Ela se mostrou simpática, bem-humorada e disposta a longas conversas durante as cinco sessões de uma hora e meia em que recebi lições ao estilo das que têm ajudado o deputado federal Eduardo Bolsonaro a se preparar para a sabatina no Senado à qual está submetida sua ida para Washington.
Formada em psicologia, Heloísa abandonou o expediente como psicoterapeuta para atender apenas como coach pessoal, via internet, com áudio e vídeo transmitidos em tempo real diretamente do apartamento onde o casal vive, em Brasília. Comentários abstratos sobre “as pessoas” — em geral, as que se opõem ao marido — escaparam com alguma frequência. Semanas após o início das sessões, ela me diria que “as pessoas que são contra o governo” são capazes de qualquer coisa — inclusive, incendiar a Amazônia — para prejudicá-lo.
Contei que minha família, no interior de São Paulo, havia votado em Eduardo para a Câmara. Ela me agradeceu pelo apoio, mas disse que “os eleitores de São Paulo estão um pouco tristes com ele”. Questionei se a razão seria a indicação para a embaixada dos Estados Unidos. A resposta veio em forma de uma promessa. Heloísa lembrou que nada estava certo e afirmou que Eduardo poderá privilegiar São Paulo quando estiver à frente da embaixada, em “termos de negócio”.
A coach também tentou me provar que a homofobia é um preconceito distante dela, de Eduardo e da família. No casamento deles, por exemplo, havia três casais gays. Até sobre as práticas dos governos petistas e sobre a “caixa-preta do BNDES” nós conversamos. “Esse final de semana agora eu estava com o presidente do BNDES, que é um amigo nosso também. Ele falou: ‘Gente, o que a gente está descobrindo, o Brasil não está preparado para saber o rombo que ficou. Nosso país é tão rico, mas sustentou coisas inimagináveis’. Para a mulher de Eduardo, o relato é “chocante”.
Antes na penúltima sessão, ela me deu dicas de como me manter antenado enquanto me esforçava para acompanhar menos notícias tristes — uma das metas que definimos juntos. Terça Livre, Senso Incomum, Renova Mídia, Allan Santos, Filipe G. Martins, Tradutores de Direita, Ideias do Caio Copolla e Brasil Paralelo. O último é utilizado por Eduardo para estudar história nos preparativos para a sabatina do Senado: “Depois de assistir, a pessoa se torna muito mais inteligente e culta, eu amo!”, recomendou.
De Época