Para ex-desembargadora, postura de Moro foi irregular

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Foto: MARCELO CAMARGO / ABR

“O julgamento só pode ser justo se for decidido por um juiz imparcial. Isso é uma regra da nossa Constituição. E Moro mente porque ele quer dar a entender que a conduta dele é absolutamente normal. Todas essas coisas que o Intercept está revelando e outras que já tínhamos conhecimento pela imprensa mostram que ele agiu com absoluta parcialidade.”

A avaliação é da desembargadora aposentada Kenarik Boujikian, em vídeo divulgado pela campanha #MoroMente, promovida pela Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD). “É absolutamente irregular um juiz ter essas posturas que ele teve. Não é normal que um juiz produza prova, isso indica parcialidade”, aponta ela.

A desembargadora aponta como evidências da parcialidade de Sergio Moro na função de juiz o fato de ele ter indicado testemunhas para o Ministério Público, além de ter avisado integrantes do órgão sobre prazos, pedido para analisar uma petição antes de ela ser integrada ao processo e ter dito para não se fazer busca e apreensão do celular do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, “Ele (Moro) sugere que não se proponha determinada ação contra uma pessoa porque esta pessoa que ele apoia pode ficar melindrada”, diz, sobre a revelação de que o então magistrado não queria “melindrar” o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

“Todo esse conjunto mostra que ele agiu com parcialidade. Em 30 anos de magistratura, e ainda antes, porque fui procuradora do Estado e advogada, nunca conheci essa espécie de juiz. Não conheço nenhum juiz que tenha essa relação indevida com qualquer das partes”, pontua Kenarik. “Tudo em um processo tem que ser público e isso é uma forma de controle da parcialidade, as pessoas precisam saber o que acontece e só vão conseguir saber por meio do processo. Tudo o que está na vida privada, como essas relações que o Intercept está mostrando, indica também a parcialidade do juiz Moro, que mente. Indica efetivamente que esse julgamento foi uma fraude.”

Confira a íntegra do depoimento:

Da RBA