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Procuradores criticam indicação de Bolsonaro para PGR

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A indicação de Augusto Aras para a Procuradoria-Geral da República, feita pelo presidente Jair Bolsonaro nesta quinta-feira (5), foi criticada pelos procuradores do Ministério Público Federal que se manifestaram em redes sociais.

Caso aprovado pelo Senado e nomeado pelo presidente, Aras será o chefe desses procuradores que reclamam das suas posições.

O procurador Fernando Rocha, do Rio Grande do Norte, disse que “o momento é de reconhecer o grande equívoco” para quem “um dia acreditou que esse governo tinha algum compromisso com o combate à corrupção, com a independência do MP, com a Lava Jato”.

“O advogado Aras, indicado para a PGR!”, exclamou Rocha, indicando o fato de Augusto Aras ainda advogar, além de ser subprocurador-geral da República. “(Sergio) Moro mais uma vez foi fritado”, disse.

Apesar de controverso, o exercício concomitante da advocacia com o trabalho no Ministério Público é permitido àqueles que ingressaram na carreira pública antes da Constituição de 1988 e fizeram essa opção.

Michele Rangel Vollstedt Barros, da Procuradoria Regional da República da 1ª Região, afirmou que é uma “triste notícia para o combate à corrupção” e “triste dia para a democracia”.

Wesley Miranda Alves, lotado em Uberlândia, citou o projeto de abuso de autoridade, sancionado com vetos, e a indicação de Aras, e disse que “fosse esse o cenário em 2014, não teríamos Lava Jato”.

Lotado em Rondônia, João Gustavo Seixas, disse que “em se confirmando as notícias, hoje será um dia de triste lembrança para o Ministério Público brasileiro e, por consequência, para a sociedade brasileira”.

Outros procuradores lembraram que Augusto Aras é um nome que não concorreu à lista tríplice da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), tradição que tem sido respeitada pelos presidentes desde 2003.

Wellington Saraiva lembrou que o presidente desprezou a lista. “Desejo de enfraquecer a atuação do MPF e, com isso, a luta contra a corrupção e outros crimes graves. Dia triste para o MPF e para quem deseja um Brasil mais limpo”, disse.

Logo antes da indicação, Janice Ascari, integrante da força-tarefa da Lava Jato em SP, lembrou que Bolsonaro havia recebido a lista tríplice “há mais de dois meses mas não decide nada”.

Quando o nome de Aras foi anunciado, a procuradora Hayssa K. Medeiros mudou a sua foto de perfil para uma imagem negra, com o logo “MPF em Luto”, e disse: “Saudades das flechadas. Estamos há quase dois anos sem liderança institucional e prosseguiremos por mais dois anos.”

O termo é uma referência a uma frase célebre do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, que havia afirmado que “enquanto houver bambu, vai ter flecha”.

Uma exceção, porém, disse que a escolha do presidente da República nunca foi fácil e pediu a Deus que “ilumine o escolhido, para o bem da sociedade e do Brasil”. Foi Ailton Benedito, chefe da Procuradoria em Goiás e conhecido nas redes por seu alinhamento ao conservadorismo.

Acrescentou em outra publicação: “Eclesiástico 19:28 Há uma falsa correção na cólera de um insolente; há um modo de julgar que muitas vezes não é justo; e aquele que se cala dá prova de prudência.”

Em entrevista à Folha, Augusto Aras disse que iria convidar Ailton para sua gestão, caso fosse escolhido.

De FSP