Protesto de motoristas para corredores em SP

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Foto: Isabella Faria/Folhapress

Ao menos 14 terminais de ônibus de São Paulo foram bloqueados na tarde desta quinta-feira (5) durante um protesto de motoristas e cobradores. Corredores de ônibus na avenida 23 de Maio, a avenida 9 de Julho e a rua da Consolação também estão travados. Passageiros relatam altos preços em aplicativos de transporte.

O alvo do protesto é a gestão Bruno Covas (PSDB), que anunciou que vai cortar linhas e reduzir a frota de ônibus, o que alimenta temor de demissões. Manifestantes também cobram o pagamento de participação nos lucros das empresas de ônibus.

Segundo a prefeitura de São Paulo, os terminais fechados são:

– A.E. Carvalho (zona leste)

– Bandeira (centro)

– Campo Limpo (zona sul)

– Capelinha  (zona sul)

– Jardim Ângela  (zona sul)

– Lapa  (zona oeste)

– Mercado (centro)

– Parque Dom Pedro (centro)

– Princesa Isabel (centro)

– Pinheiros (zona oeste)

– Sacomã (zona sul)

– São Miguel (zona leste)

– Santo amaro (zona sul)

– Varginha (zona sul)

A manifestação estava marcada para a manhã, em frente a prefeitura, segundo o sindicato que representa a categoria. Mas ganhou força apenas à tarde, quando motoristas bloquearam a 9 de Julho e a paralisação passou a afetar outras vias.

Por volta das 12h30, os manifestantes fecharam o Terminal Bandeira, no centro da cidade. Laís Vieira, 25, auxiliar de enfermagem, e Priscila Vieira, 33, auxiliar de enfermagem, estavam juntas em um ônibus com destino ao terminal, de onde iriam para a rua 25 de Março. Mas o cobrador alertou que estava tudo parado, Priscila pediu para descer. Tentaria pegar outro ônibus na avenida Paulista.

Laís tentou acionar um aplicativo de carros, mas os preços, segundo ela, haviam disparado.  “Além de não ter integração para quem tem bilhete único empresarial, ainda interrompem o transporte”, reclamou, referindo-se à decisão da Prefeitura sobre o bilhete.

A pressão dos trabalhadores ocorre enquanto a prefeitura tenta tirar do papel a licitação do novo sistema de ônibus da capital. O processo se arrasta desde 2013 e, no último mês, a gestão Covas sofreu uma derrota quando a Justiça decidiu que o prazo dos contratos, que chegaram a ser licitados, estava irregular.

A discussão na Justiça é se os contratos devem ter 15 ou 20 anos. Uma lei municipal prevê 15 anos. Mas a Câmara Municipal, atendendo à pressão de empresários de ônibus, aumentou o prazo para 20 anos. A alteração foi feita pela emenda em um projeto de lei que versava sobre outro tema. Em primeira e segunda instância, a Justiça decidiu que a alteração era ilegal. A prefeitura estuda agora como recorrer da decisão

Enquanto o caso corria, a prefeitura firmou um acordo com os donos de ônibus de São Paulo para que passassem a vigorar as regras dos contratos que já haviam sido licitados e que estavam travados na Justiça. O acordo só foi possível porque as antigas empresas do ramo são exatamente as mesmas que venceram os novos contratos na licitação.

As novas regras dão conta de uma reorganização dos ônibus pela cidade, o que inclui o corte de linhas e frota de ônibus. A antiga frota da cidade tinha 13,6 mil veículos. Os novos contratos preveem 12,7 mil. O sindicato dos motoristas e cobradores calcula que 450 ônibus já saíram de circulação.

A prefeitura defende que um novo desenho de linhas na cidade é necessário para trazer mais eficiência e menor custo. Diz ainda que, apesar do cortes de ônibus, aumentará a oferta de lugares disponíveis nos veículos.

Da FSP