Câmara confirma: Eduardo Bolsonaro é o líder do PSL
Foto: Reuters/Adriano Machado
Em novo capítulo da “batalha das listas” do PSL, a Câmara dos Deputados oficializou nesta segunda-feira, 21, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, como líder do partido na Casa. Ele recebeu o apoio de 28 dos 53 parlamentares da legenda – a lista original tinha 29 nomes, mas um não foi aceito.
A confirmação ocorre logo após o agora ex-líder da bancada, Delegado Waldir (PSL-GO), divulgar um vídeo em qual diz abrir mão do posto. Segundo aliados, porém, a gravação foi feita antes de a Câmara confirmar que Eduardo era líder.
Em uma rápida reação, o grupo de parlamentares do PSL ligados ao presidente do PSL, Luciano Bivar (PE), prepara um contra-ataque para manter Waldir na liderança da bancada na Câmara. Isso porque, segundo o deputado Júnior Bozzella (PSL-SP), nesta manhã houve um acordo de “trégua” entre os grupos, costurado pelo ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e Bivar.
Na versão do deputado, o acordo previa a manutenção de Waldir como líder até janeiro em troca da revogação da suspensão de cinco parlamentares do grupo ligado a Bolsonaro, determinadas na semana passada.
De acordo com o parlamentar, eles conversaram ao telefone por volta das 7h e teriam combinado de não haver mais listas e nem suspensões. Waldir não sabia dos detalhes desse acordo até gravar o vídeo, segundo Bozzella, por isso, fez o gesto de entrega pacífica da liderança.
Vitor Hugo, porém, teria quebrado esse acordo ao apresentar a nova lista pró-Eduardo e com isso, a ala ligada a Bivar decidiu que vai manter as suspensões e apresentar nova lista para devolver Waldir à liderança.
“Já estarei à disposição do novo líder para de forma transparente passar para ele toda a liderança do PSL, queria agradecer aos parlamentares que confiaram nesse nosso projeto e dizer que não sou subordinado a nenhum governador e nenhum presidente, mas sim ao meu eleitor”, disse Waldir no vídeo divulgado. “Nós não rasgamos a Constituição ainda. A Constituição prevê que o Executivo não deve interferir no parlamento em nenhuma ação”, disse.
O documento que teve as assinaturas necessárias para levar Eduardo à liderança foi o terceiro apresentado pela ala do partido ligada a Bolsonaro. Na semana passada, uma guerra de listas acabou com uma derrota para o grupo “bolsonarista” da bancada e Delegado Waldir foi mantido no posto.
Isso porque a Câmara não reconheceu algumas das assinaturas no documento pró-Eduardo. Como mostrou o Estado, ao menos quatro nomes estavam tanto nas listas a favor de Eduardo e de Waldir.
Contexto
O mais ruidoso capítulo da briga começou na quarta-feira, 15, quando Bolsonaro tentou substituir Delegado Waldir por seu filho Eduardo na liderança do PSL na Câmara. Para tanto, chamou um grupo de parlamentares do seu grupo para uma conversa a portas fechadas, no Palácio do Planalto, e exerceu seu poder de pressão.
Bolsonaro estava irritado com Waldir, que no dia anterior orientara a bancada a votar contra uma Medida Provisória de interesse do governo, e cobrou apoio à troca de comando na liderança. Fez o apelo pessoalmente e em telefonemas.
Áudios do presidente vazaram e, depois disso, em reunião da ala “bivarista” do PSL (ligados ao presidente da sigla, Luciano Bivar), Waldir disse que iria “implodir” o presidente, chamando-o de “vagabundo”.
O protocolo da Câmara recebeu listas assinadas por deputados do PSL – duas delas pediam a substituição da liderança e outra, a sua manutenção. A Secretaria-Geral da Mesa Diretora da Câmara conferiu as assinaturas e invalidou quatro delas. Com isso, Delegado Waldir foi mantido como líder.
Bolsonaro também substituiu a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), líder do governo no Congresso, pelo senador Eduardo Gomes (MDB-TO). Da ala pró-Bivar e desafeta de Eduardo, Joice foi signatária de uma lista pedindo a manutenção de Waldir no posto, o que enfureceu o presidente.
Na sexta, 18, o delegado Waldir, em entrevista ao Estado, voltou chamar Bolsonaro de “vagabundo” e acusou o presidente de estar “comprando” deputados com cargos e fundo partidário em troca do apoio ao nome de Eduardo para a liderança da bancada do partido. O deputado afirmou que o governo está “parado”.