‘Desonestidade’, diz Bolsonaro sobre grampos

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Foto: Amanda Perobelli / REUTERS

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou hoje de manhã que não trata sobre a crise que assola o PSL em público e chamou a gravação de áudios atribuídos a ele divulgados ontem à noite de “desonestidade”.

“Eu falei com alguns parlamentares. Me gravaram? Deram uma de jornalista? Eu converso com deputados. Eu não trato publicamente desse assunto. Converso individualmente. Se alguém grampeou o telefone, primeiro, é uma desonestidade”, declarou, ao sair do Palácio da Alvorada por volta das 8h30.

Nas conversas, o presidente articula a derrubada do líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), da função para substitui-lo pelo filho e deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). A ala pró-Bolsonaro no partido alega que o atual presidente nacional da sigla, deputado federal Luciano Bivar (PE), não está cumprindo com a transparência devida nas contas partidárias.

Questionado se vai pedir uma investigação sobre a gravação de fala atribuída a ele, Bolsonaro não respondeu e entrou no carro.

Publicamente, antes dos áudios, quando indagado sobre a crise no PSL, Bolsonaro dizia não interferir em assuntos partidários.

A relação de Bolsonaro com Bivar desmoronou em 8 de outubro quando, sem saber que estava sendo transmitido ao vivo, Bolsonaro disse para um apoiador “esquecer o PSL” e afirmou que o pernambucano está “queimado pra caramba”.

Desde então, o PSL se vê em crise com alfinetadas de parte a parte e barracos nas redes sociais. Como pano de fundo, ambições políticas, disputa pelo controle do dinheiro do fundo partidário e a influência dos filhos do presidente.

Ontem à noite, a ala pró-Bolsonaro apresentou lista com 27 nomes do PSL apoiando Eduardo como novo líder em tentativa de destituir Waldir. A documentação foi entregue pelo líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO).

No entanto, minutos depois, a ala pró-Waldir e, consequentemente, Bivar, apresentou outra lista com 32 nomes do partido apoiando a permanência dele na liderança.

Considerando-se as duas relações e os 53 deputados na bancada, há um excesso de seis parlamentares e duas conclusões possíveis: havia gente “jogando nos dois times” e apoiando Eduardo e Waldir ao mesmo tempo; ou havia assinatura falsificada.

Mais tarde, o grupo a favor da família Bolsonaro encaminhou uma terceira lista da noite com 27 nomes pró-Eduardo novamente à Secretaria-Geral da Câmara. Toda a confusão se deu depois das 23h, e o desfecho só deverá ser conhecido hoje.

Uol