Primeiro-ministro etíope recebe o Nobel da Paz 2019

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: EPA/Alessandro di Meo

O vencedor do Prémio Nobel da Paz de 2019 é Abiy Ahmed Ali, primeiro-ministro etíope, anunciaram nesta sexta-feira em Oslo as Academias sueca e norueguesa. O prémio foi atribuído pelos seus esforços para “alcançar a paz e a cooperação internacional” com os acordos de paz com a Eritreia.

“A paz não chega das acções de apenas uma parte. Quando o primeiro-ministro estendeu a sua mão, Isaias Afewerki [Presidente da Eritreia] agarrou-a” para fundarem juntos um novo clima de paz, justificou o comité. O acordo de paz entre os dois países foi assinado no em 2018, pondo termo a quase 20 anos de tensão com a Eritreia, depois de um conflito fronteiriço que durou entre 1998 e 2000 e matou pelo menos cem mil pessoas. Para alcançarem a paz, Adis Abeba prometeu retirar as suas tropas da região de Badme (que passou a reconhecer como território eritreu​) e Asmara concedeu o acesso aos seus portos no Mar Vermelho.

“Ainda que haja muito trabalho a fazer na Etiópia”, Abiy Ahmed Ali​ “passou vários meses a tentar alcançar a amnistia do país”, acabando com a censura dos meios de comunicação, promovendo a paz social, libertando vários activistas que estavam presos e aumentando a importância do papel das mulheres na Etiópia, continuou o comité que atribui os prémios Nobel.

Quem já ganhou o prémio Nobel da Paz?
Este é o 100.º prémio Nobel da Paz. Antes de Abiy Ahmed Ali, já várias outras pessoas e instituições foram distinguidas com o Prémio Nobel da Paz. O prémio de 2018 foi atribuído a Denis Mukwege, médico congolês que operou dezenas de milhares de mulheres violadas de forma bárbara, e Nádia Murad, iraquiana yazidi que foi raptada e escravizada pelo Daesh. “Cada um deles contribuiu à sua maneira para dar maior visibilidade à violência sexual em tempo de guerra para que os seus responsáveis respondam pelas suas acções”, justificou o comité, à data.

Entre os laureados com o prémio, encontra-se também o nome de Malala Yousafzai, a jovem paquistanesa que se tornou na cara da luta contra a “repressão das crianças” e do “seu direito à educação”, que partilhou o prémio de 2017 com Kailash Satyarthi — o que a tornou a mais jovem laureada da história. O mais velho laureado a receber o Nobel da Paz, por seu turno, foi Joseph Rotblat, que ganhou o prémio em 1995, quando tinha 87 anos “pelos seus esforços para diminuir o peso das armas nucleares na política internacional e, a longo prazo, eliminar essas armas”.

O ex-Presidente dos EUA, Barack Obama, também distinguido em 2009 pelos “seus esforços extraordinários para fortalecer a diplomacia internacional e a cooperação entre os povos”. Também a União Europeia recebeu o Prémio Nobel da Paz, em 2012, pelo seu papel na transformação da Europa, que passou de “um continente de guerra para um continente de paz”.

Mas nem sempre os nomes apontados para ganhar este prémio são consensuais. Entre os candidatos menos óbvios conta-se Adolf Hitler (que foi nomeado nas vésperas da II Guerra Mundial, em 1939) e Michael Jackson, em 1998.

Este galardão tem como objectivo distinguir quem “conferiu o maior beneficio à humanidade” nos 12 meses anteriores, detalha a comissão que atribui os prémios, em seis áreas distintas: física, química, medicina, literatura, paz e economia. Já são conhecidos os vencedores de cinco prémios Nobel deste ano – e ainda a vencedora do Nobel da Literatura de 2018, que não foi atribuído no ano passado devido a um escândalo de abusos sexuais.

Já foram atribuídos 935 prémios Nobel, nas cinco áreas — sendo que 908 foram atribuídos a pessoas e 27 a organizações. Apenas 52 prémios foram arrecadados por mulheres. A vencedora mais jovem de sempre foi Malala Yousafzai e o mais velho foi o cientista Arthur Ashkin.

Esta distinção já foi rejeitada por, pelo menos, seis pessoas que o ganharam. Quatro deles foram forçados pelas autoridades — os alemães Richard Kuhn, Adolf Butenandt e Gerhard Domagk não puderam aceitar o prémio porque as autoridades nazis não o autorizaram e Boris Pasternak viu o prémio ser-lhe retirado pelas autoridades da então União Soviética — e ainda o escritor Jean-Paul Sartre (por “motivos pessoais” como referiu numa carta enviada à Academia), em 1964, e o político vietnamita Le Duc Tho (porque as tréguas conseguidas por ele foram quase imediatamente violadas e a guerra do Vietname continuou até 1975), em 1973.

Publico