PSL vai escolher conselho de ética do partido
Foto: Luis Macedo e Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Integrantes do PSL chegaram na manhã desta terça-feira (22) para uma reunião, em Brasília, do diretório nacional do partido. O encontro foi marcado para eleger os integrantes do conselho de ética da sigla, que terá a incumbência de analisar processos disciplinares a serem abertos.
A instalação do colegiado se deu após a direção da legenda decidir suspender na sexta-feira (18) cinco deputados que haviam assinado uma lista pela destituição do deputado Delegado Waldir (PSL-GO), que é aliado do presidente Luciano Bivar.
Esses parlamentares haviam assinado uma lista para colocar no lugar o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, como novo líder da bancada.
Na segunda-feira (21), porém, Bivar voltou atrás da sua decisão e a suspensão dos deputados foi retirada.No entanto, ele resolveu instaurar o Conselho de Ética para analisar os casos. Outros deputados também podem ser alvo de processo.
O PSL vive uma crise interna, que se acirrou há duas semanas, quando Jair Bolsonaro fez críticas ao partido e ao presidente da legenda, o deputado Luciano Bivar (PE). A crise gerou um racha entre a ala bolsonarista e a ala bivarista.
Um dos reflexos da disputa partidária é a definição do líder do PSL na Câmara. Desde esta segunda, Eduardo é o novo líder.
Delegado Waldir (PSL-GO), um dos pivôs da crise, afirmou na chegada ao local da reunião que a ala ligada a Bivar foi surpreendida, nesta segunda, com a apresentação de uma lista de bolsonaristas na Câmara que levou Eduardo Bolsonaro ao posto de líder. De acordo com Waldir, havia a tentativa de um “armistício” para não serem mais apresentadas listas de troca de líder.
“Tentamos o armistício ontem [segunda]. Há bastante tempo que temos tentado o diálogo, mas ele não surte efeito. Ontem eu tive pessoalmente, pelo zap, eu converso com o ministro [Luiz Eduardo] Ramos [ da Secretaria de Governo]. Depois o presidente Bivar teve uma conversa com o ministro Ramos. Ele pediu essa paz, disse que iria trabalhar essa paz. E nós nos surpreendemos, eu pessoalmente me surpreendi quando foi protocolado uma nova lista. É sinal que o grupo que está sob o comando de Eduardo Bolsonaro não quer trégua. Não quer diálogo”, afirmou Waldir.
O senador Major Olímpio (PSL-SP) disse que o partido pode discutir também mudanças nas estruturas de comando do PSL em estados como o Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Esses diretórios estaduais são comandados respectivamente pelo senador Flávio Bolsonaro (RJ), por Eduardo Bolsonaro e pelo ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.
Falando especificamente do diretório em São Paulo, Olímpio disse que o partido pode encontrar problemas para formar chapas para as eleições municipais do próximo ano.
“O que eles não destruíram até agora, vão destruir. O partido tem mais de uma centena de executivas municipais que foram arrancadas no rancor, no ódio, sem fazer uma avaliação mínima. O partido está uma terra arrasada. Vou defender que se resolva a questão logo, sob pena de não se viabilizar candidaturas para 2020. Isso é muito sério”, afirmou.