CPI Fake News: WhatsApp baniu 400 mil contas nas eleições
O WhatsApp informou que baniu mais de 400 mil contas no país durante a campanha eleitoral do ano passado. Em ofício enviado à CPI das Fake News, a empresa disse que os usuários foram derrubados por violarem os termos de uso, o que inclui o disparo de mensagens de maneira automatizada. No documento, o WhatsApp salienta que a análise não levou em conta o conteúdo do que foi enviado, já que o serviço de mensagens é criptografado.
“O WhatsApp proíbe expressamente o uso de qualquer aplicativo ou robô para enviar mensagens em massa ou para criar contas ou grupos de maneiras não autorizadas ou automatizadas”, afirmou a empresa.
As contas foram retiradas do ar entre os dias 15 de agosto, início oficial da campanha, e 28 de outubro, data do segundo turno. O documento foi enviado em resposta a um requerimento do presidente da CPI, o senador Angelo Coronel (PSD-BA).
Um dos indícios usados pela empresa para detectar o processo de automatização está relacionado ao comportamento da conta logo depois de ela ser registrada.
“Por exemplo, se um usuário faz alterações rápidas em seu catálogo de contatos ou os números não são compartilhados reciprocamente entre os usuários, isso pode indicar que um remetente obteve números sem o consentimento do usuário”, destaca o documento.
Segundo a empresa, cerca de dois milhões de usuários são banidos por mês no mundo todo por violarem as regras de uso do aplicativo.
Em outubro do ano passado, uma semana antes do segundo turno da eleição, o WhatsApp divulgou uma nota em que comunicava ter banido “centenas de milhares de contas durante o período das eleições no Brasil”. Na ocasião, no entanto, a empresa não divulgou quantos usuários haviam sido retirados do serviço de mensagens.
No mês passado, durante uma palestra na Colômbia, o gerente de políticas públicas e eleições globais do WhatsApp, Ben Supple, confirmou que a empresa sabe que empresas usaram o aplicativo para enviar mensagens em massa na eleição de 2018.
O ofício enviado não faz referência a nenhum candidato que disputou a última eleição, já que o próprio aplicativo faz a ressalva de que não tem acesso ao conteúdo das mensagens. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no entanto, investiga se a campanha do presidente Jair Bolsonaro contratou serviços de disparo de mensagens em massa pelo WhatsApp, o que é vedado pelo Tribunal. Na semana passada, o ministro Og Fernandes, relator da ação ajuizada pelo PDT, determinou ao aplicativo que informasse se determinadas empresas e pessoas físicas contrataram os serviços.
As empresas citadas são a Quick Mobile, a Tacows Desenvolvimento de Software, a Croc Services e a SMS Market. De acordo com uma reportagem da “Folha de S. Paulo”, empresários que apoiavam a candidatura de Bolsonaro contrataram essas firmas para disseminar fake news contra o PT durante a campanha.
O TSE já arquivou uma ação apresentada por Bolsonaro em que o então candidato à Presidência pelo PT, Fernando Haddad, era acusado de ter se beneficiado na campanha de recursos de sindicatos e uniões estudantis. Em outra ação, Haddad foi multado em R$ 6 mil por impulsionar, via Google, propaganda negativa contra Bolsonaro. O impulsionamento só é permitido quando a propaganda é a favor de um candidato. O petista apresentou um recurso, e o julgamento no plenário do TSE foi interrompido após um pedido de vista da ministra Rosa Weber.