Grupo Globo: “Bolsonaro não comunga dos valores democráticos”
Editorial publicado pelo Grupo Globo nesta terça-feira (5) afirma que o presidente Jair Bolsonaro “não tem apreço pela imprensa independente e profissional” e “não comunga dos valores democráticos mais básicos”.
O texto O lugar de cada um reforça uma série de posicionamentos da empresa de comunicação em relação às últimas declarações e atitudes do presidente que atacam os jornalistas.
Em vídeo publicado em suas redes sociais na última terça (29), Bolsonaro insultou os profissionais da imprensa de “patifes, canalhas e porcos”. Ainda ameaçou caçar a concessão da TV Globo em 2022
O próprio presidente afirmou posteriormente que “reagiu de forma exaltada” à reportagem do Jornal Nacional que cita seu nome na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
Essa não foi a primeira vez, contudo, que o presidente atacou a imprensa. Em julho, a mesma emissora publicou uma nota de repúdio após Bolsonaro chamar a jornalista Miriam Leitão de “mentirosa”.
Em outra medida ainda mais recente, Jair Bolsonaro determinou o cancelamento da assinatura da Folha de S. Paulo pelo governo federal, e o jornal foi excluído do clipping diário do Itamaraty.
Diante das inúmeras ofensivas por parte do presidente, o editorial do Grupo Globo é claro: é preciso repudiar insultos ao jornalismo profissional.
O editorial coloca como pilares fundamentais do jornalismo a isenção, a correção e a agilidade. Ainda, afirma que só há jornalismo de qualidade em democracias.
“Em sociedades sob o império das leis, mas sem dono, ninguém controla o fluxo dos fatos, o que publicar e o que não publicar, o que é conveniente e o que não é conveniente, o que agrada e o que desagrada. O fluxo de informação é livre, absolutamente livre”, diz o texto.
Segundo o editorial, a única maneira de responder às tentativas de intimidação por parte do governo é com mais jornalismo e com a busca pela verdade “de forma destemida e que retrate os fatos como eles são, positivos ou negativos, inclusive sobre o governo.”