Renúncia de Evo deixa vácuo de poder na Bolívia

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MARCELO PEREZ DEL CARPIO / BLOOMBERG VIA GETTY IMAGES

renúncia de Evo Morales, após três semanas de protestos contra sua reeleição e depois de perder o apoio das Forças Armadas, deixa um vácuo de poder na Bolívia, onde no momento ninguém sabe quem comanda o país.

A Constituição prevê que a sucessão começa com o vice-presidente, depois passa para o titular do Senado e depois para o presidente da Câmara dos Deputados, mas todos eles renunciaram com Evo.

As renúncias do vice-presidente Álvaro García, da presidente e do vice-presidente do Senado, Adriana Salvatierra e Rubén Medinacelli, e do titular da Câmara dos Deputados, Víctor Borda, criaram uma situação de incerteza e vazio sobre a cadeia de sucessão constitucional.

Senadora opositora reivindica direito de assumir presidência

Neste cenário, a segunda vice-presidente do Senado, a opositora Jeanine Añez, reivindicou o direito de assumir a presidência da Bolívia.

Entenda a crise que levou à renúncia de Evo Morales na Bolívia

“Ocupo a segunda vice-presidência e na ordem constitucional me corresponderia assumir este desafio com o único objetivo de convocar novas eleições”, afirmou Jeanine em uma entrevista ao canal Unitel.

Um governo de transição, insistiu ela, será para renovar o Tribunal Supremo Eleitoral e convocar eleições, em um prazo de 90 dias, segundo a Constituição.

A senadora também defendeu a convocação de sessões do Congresso bicameral, o mais rapidamente possível, “para considerar a renúncia dos primeiros mandatários”. Também é necessário – de forma prévia – uma sessão de senadores para elegê-la no cargo de presidente.

Para isso, Jeanine deverá obter um “consenso dos movimentos cívicos” que pediram nas ruas a renúncia de Evo.

Consequências da renúncia de Evo

Evo Morales renunciou no domingo, pressionado por militares, policiais e pela oposição, que exigiram que deixasse o cargo que ocupava desde 2006 com o objetivo de pacificar o país.

“Renuncio a meu cargo de presidente para que (Carlos) Mesa e (Luis Fernando) Camacho não continuem perseguindo dirigentes sociais”, disse Evo em Cochabamba, em discurso exibido pela TV, em referência aos líderes opositores que o acusaram de fraude nas eleições de 20 de outubro.

A saída de Evo do poder provocou muitas comemorações, mas também violência em La Paz e outros pontos do país. O agora ex-presidente denunciou a existência de uma ordem de prisão “ilegal” contra ele, uma afirmação negada pelo chefe da polícia do país, o general Yuri Vladimir Calderón.

Ainda não está claro qual será o destino de Evo. Ele afirmou que não abandonaria a Bolívia, mas o México ofereceu asilo a ele, segundo o chanceler Marcelo Ebrard, que falou em “20 personalidades do Executivo e do Legislativo da Bolívia” refugiadas na embaixada mexicana na capital boliviana.

Lista de autoridades que renunciaram

Antes da renúncia do presidente Evo Morales, diversas autoridades bolivianas deixaram seus cargos. Algumas relataram violência contra parentes e atos de vandalismo, de acordo com informações dos jornais La Razón e El Deber.

O presidente da Câmara dos Deputados, Víctor Borda, e o ministro de Mineração, César Navarro, se demitiram após denunciar que suas casas foram incendiadas por vândalos mobilizados em Potosí, que, segundo eles, também colocaram em risco a vida de suas famílias.

• Evo Morales, presidente

• Álvaro García, vice-presidente

• Adriana Salvatierra, presidente do Senado

• Víctor Borda, presidente da Câmara dos Deputados

• María Eugenia Choque, presidente do Tribunal Supremo Eleitoral

• Pablo Menacho, procurador-geral

• Luis Alberto Sánchez, ministro de Hidrocarbonetos

• Luis Arce, ministro de Economia

• Mariana Prado, ministra de Planejamento

• César Navarro, ministro de Mineração

• Tito Montaño, ministro de Esportes

• Manuel Canelas, ministro de Comunicação

• Rubén Medinacelli, vice-presidente do Senado

• René Joaquino, senador

• David Ramos, deputado

• Mario Guerrero, deputado

• Carmen Almendras, vice-chanceler

• Oscar Cusicanqui, vice-ministro do Tesouro

• Marcelo Arce, vice-ministro de Turismo

• José Luis Quiroga, vice-ministro do Interior

• Wilfredo Chávez, vice-ministro de Segurança

• Iván Canelas, governador de Cochabamba

• Alex Ferrier, governador de Beni

• Juan Carlos Sejas, governador de Potosí

• Esteban Urquizo, governador de Chuquisaca

• Williams Cervantes, prefeito de Potosí

• Iván Arciénega, prefeito de Sucre

• Mario Cronenbold, prefeito de Warnes

• Gonzalo Durán, embaixador da Bolívia na França

• Natalia Campero, cônsul em Washington

• Marlene Ardaya, presidente da Alfândega Nacional

• Mario Cazón, presidente de Impostos Nacionais

• Beniana María Argene Simón, senadora

• Saúl Aguilar, prefeito de Oruro

• Orlando Careaga, senador

Do Estadão