Advogado diz que morte de miliciano foi “queima de arquivo”

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Foto: Reprodução

O advogado Paulo Emílio Catta Preta, que atuava na defesa do ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, disse que vai pedir apuração rigorosa da operação na Bahia que terminou com a morte de seu cliente. Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia e a Polícia Civil do Rio, Nóbrega morreu na manhã deste domingo após trocar tiros com policiais durante uma operação para prendê-lo em Esplanada, cidade baiana.

Nóbrega estava foragido há um ano e, segundo o advogado, telefonou para ele na última terça-feira. Catta Preta atuava na defesa dele desde meados do ano passado e disse que nunca tinha tido contato direto com o cliente, apenas por meio de familiares. A ligação foi a primeira vez que os dois conversaram diretamente. O advogado disse que tentou convencer seu cliente a se entregar, mas Nóbrega refutou dizendo que seria assassinado e estava receoso.

“Ele me disse assim: ‘doutor, ninguém está aqui para me prender. Eles querem me matar. Se me prenderem, vão matar na prisão. Tenho certeza que vão me matar por queima de arquivo’. Palavras dele”, afirmou Catta Preta. Questionado sobre o motivo para queima de arquivo, o advogado disse que o cliente não mencionou. “Eu o aconselhei a se apresentar, pois temia que algo pior acontecesse. Ele não me disse o porquê achava que iria morrer. Acho que ele já suspeitava que seria morto por queima de arquivo”.

O advogado disse ainda que falou na manhã deste domingo com a mulher do militar, Júlia Mello, e ela negou que ele estivesse armado. “Nem o pior criminoso merece ser sumariamente executado. Se ele era uma máquina de guerra, como dizem, por que ninguém saiu ferido nessa operação?”, questiona o advogado, que afirma: “Então vamos pedir uma apuração rigorosa da operação. Vai ser meu último ato de defesa”.

Nóbrega era ex-capitão do Bope e um dos criminosos mais procurados do Rio, e estava foragido desde a Operação Intocáveis, que prendeu vários membros da quadrilha no início do ano passado. Ele era acusado de ser o chefe de um grupo criminoso formado por matadores de aluguel, que ficou conhecido como Escritório do Crime — investigado por suspeita de envolvimento nas mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes. A família dele também foi acusada pelo MP de participar de um suposto esquema de rachadinha no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, na Alerj.

Segundo o pedido de busca e apreensão feito pelos promotores, ex-mulher e mãe de Nóbrega teriam transferido R 203 mil para Fabrício Queiroz, ex-assessor do filho do presidente.

Em nota, a Secretaria de Segurança da Bahia informou que Adriano foi localizado no início da manhã e “no momento do cumprimento do mandado de prisão ele resistiu com disparos de arma de fogo e terminou ferido”. “Ele chegou a ser socorrido para um hospital da região, mas não resistiu aos ferimentos”, continua o informe.

Valor Econômico