Após prometer parar de nomear militares, Bolsonaro nomeia
Foto: Ministério da Defesa
O presidente Jair Bolsonaro nomeou mais um militar para despachar com ele no Palácio do Planalto e num movimento avaliado como enfraquecimento da ala ideológica no governo. Trata-se do almirante Flávio Augusto Viana Rocha, que assume o posto de secretário especial de Assuntos Estratégicos, respondendo diretamente ao gabinete presidencial. Na prática, Rocha terá entre suas atribuições funções que hoje são do assessor especial Filipe G. Martins, um dos nomes ligado ao escritor e guru do bolsonarismo Olavo de Carvalho com cargo no governo.
A nomeação de Flávio Rocha e o decreto que eleva a posição da secretaria estão publicados no Diário Oficial da União (DOU) desta sexta, 14.
O Estado antecipou, semana passada, a informação de que Bolsonaro tinha a intenção de nomear Flávio Rocha. O almirante, que até então era o comandante do 1º Distrito Naval, no Rio de Janeiro, recebeu a missão de ajudar o presidente na coordenação das ações do governo. Em entrevista ao Estado no último dia 5, o presidente apresentou o almirante à reportagem. “Estamos comprando o passe dele da Marinha. Ele vem trabalhar com a gente aqui. Está quase certo. Não vai ser ministro, não, apesar de ele merecer”, disse Bolsonaro na ocasião.
Segundo o presidente, Rocha será mais “um colega para ajudar” no gabinete. Bolsonaro destacou que ele fala seis idiomas e trabalhou por quatro anos como assessor parlamentar da Marinha no Congresso. Foi nessa época que eles se conheceram. “É sempre bom ter pessoas qualificadas, com o coração verde e amarelo para estar do nosso lado.”
Apesar de ter um estilo centralizador, Bolsonaro vinha se queixando de sobrecarga com a coordenação do governo, que deveria ser executada pela Casa Civil. A avaliação interna, segundo auxiliares do Planalto, é que Onyx Lorenzoni não conseguiu gerenciar a Esplanada, e a tarefa acabou sendo feita diretamente pelo presidente.
Também nesta sexta o presidente formalizou no Diário Oficial a troca já anunciada no comando da Casa Civil, que ficou com o general Walter Braga Netto. Os dois se encontraram no no Palácio da Alvorada nesta sexta-feira (14), em um encontro durou cerca de uma hora e meia. Na saída da residência oficial, Bolsonaro não parou para falar com a imprensa, mas confirmou ter se reunido com o general.
Onyx sai do Planalto para ficar à frente do Ministério da Cidadania, antes chefiado por Osmar Terra, que reassumirá seu mandato de deputado federal.
Em post publicado em suas redes sociais nesta quinta, 13, Bolsonaro falou das mudanças nos dois ministérios. Ele agradeceu Osmar Terra “pelo trabalho e dedicação ao Brasil e disse que o ex-ministro dará continuidade ao trabalho agora na Câmara dos Deputados. O presidente também avisou que a cerimônia de transmissão dos cargos será realizada na terça-feira, 18, no Palácio do Planalto.
De acordo com o decreto publicado hoje, “fica transferida da Secretaria-Geral da Presidência da República para subordinação direta ao presidente da República a Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos, incluídas a Secretaria de Ações Estratégicas e a Secretaria de Planejamento Estratégico”.
O texto também destaca que a pasta de Flávio Rocha assume “a competência de elaboração de subsídios para a formulação do planejamento nacional estratégico e das ações estratégicas de governo”. Além disso, estão sob a subordinação da secretaria a assessoria especial do presidente da República.