Bolsonaristas pedem impeachment de Witzel

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Foto: Marcos Corrêa / Presidência da República

A bancada bolsonarista do PSL na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) protocolou ontem um pedido de impeachment contra o governador Wilson Witzel (PSC). Cinco deputados – Doutor Serginho, Anderson Moraes, Alana Passos, Márcio Gualberto e Renato Zaca – assinaram o documento. Outros dois – Filippe Poubel e Coronel Salema – não estavam presentes na sessão, mas também defendem a cassação.

O grupo acusa o governador de ter cometido crime de responsabilidade por suposta espionagem. O caso ganhou repercussão na Assembleia Legislativa e tem como um dos protagonistas o secretário de Desenvolvimento Econômico, Lucas Tristão. Homem forte no governo Witzel, Tristão teria, de acordo com relato do presidente da Casa, André Ceciliano (PT), ameaçado a Assembleia ao afirmar, numa reunião, que tem dossiês contra todos os 70 deputados estaduais. “Essa conversa teve como testemunhas o líder do governo, Márcio Pacheco (PSC), e o próprio governador também”, afirma Doutor Serginho, líder da bancada.

Ontem, a Comissão de Segurança Pública aprovou convocação para que Tristão preste esclarecimentos, depois do carnaval. “A comissão não adotou nenhuma postura mais enérgica e, por isso, entramos com o pedido de impeachment. Não há sequer prova a se produzir, porque é o presidente da Casa a principal testemunha”, diz Serginho.

A Mesa Diretora da Assembleia, no entanto, não tem prazo para levar o pedido à frente. De acordo com o parlamentar, o grupo bolsonarista está disposto a ir à Justiça para cobrar que o requerimento seja posto em votação. Como a acusação é por crime de responsabilidade, diz, caso o pedido seja aprovado em plenário, o rito prevê afastamento do governador e o julgamento do processo por um órgão misto, formado por cinco deputados e cinco desembargadores do Tribunal de Justiça.

Questionado se há clima político na Casa para prosperar o processo de impeachment, o deputado disse não saber. “Mas é a medida correta a ser tomada, pois é um dos fatos mais graves que pode existir [arapongagem]. Temos uma ameaça direta à liberdade do Parlamento”, diz. O grupo encaminhou também um ofício com a denúncia contra Witzel para a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e o Ministério da Justiça.

Para reforçar o pedido, os parlamentares incluíram ataques de Jair Bolsonaro contra o governador, nos quais o presidente da República acusou Witzel de vazar informações do processo sigiloso que investiga os assassinatos da vereadora Marielle Franco (Psol) e de seu motorista Anderson Gomes, em março de 2018. Doutor Serginho afirmou que Bolsonaro – adversário político de Witzel – não deu sinal verde para incluir o caso no pedido de impeachment: “Não teve aval nenhum dele, mas o fato é público e notório”.

O parlamentar afirma que outro fator que levou o grupo a pedir o impeachment foi declaração de Witzel, em entrevista publicada no domingo. O governador disse que não participou da conversa com Tristão e afirmou que processaria quem reverberasse tal informação. “É muita audácia ainda querer processar os parlamentares”, diz.

Em nota, o governador disse que o pedido de impeachment “é tão somente uma manobra política, baseada em boatos infundados e que não condizem com os fatos”: “É pura irresponsabilidade política”.

Valor Econômico