Bolsonaristas recuam de atos contra o Congresso
Foto: Reuters
As manifestações do dia 15 de março mudaram de foco após a repercussão do envio de um vídeo pelo presidente Jair Bolsonaro a aliados chamando para o protesto, afirmou a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), uma das que estão participando da organização. Segundo ela, agora o tema será apenas a defesa do governo e contra o Orçamento impositivo.
Inicialmente, a manifestação seria a favor da prisão em segunda instância, que será votada pela Câmara em março, mas isso saiu da pauta para evitar que movimentos como o MBL e Vem Para a Rua (VPR), a favor do projeto, mas que não são alinhados ao governo, provocassem uma cisão. “Vira divergência boba, dentro da avenida Paulista, por ocupação de espaço”, disse.
Além disso, haveria um grupo pegando assinaturas de apoiamento para a fundação do Aliança pelo Brasil, partido que Bolsonaro tenta criar, mas a coleta “oficial” foi cancelada. “Já sabemos que alguns voluntários vão manter a coleta, mas de forma autônoma. Não queremos misturar as coisas porque quando é algo oficial do Aliança, o presidente endossa oficialmente”, disse.
Ela nega que Bolsonaro esteja convocando os protestos – ou “teria divulgado nas suas redes sociais, com 35 milhões de seguidores” – e descarta discursos a favor de fechar o Congresso. “Isso está fora de questão. Em todas as manifestações, quando elas começam a tomar corpo, aparecem alguns perfis fakes defendendo fechar o Congresso, intervenção militar e etc. Isso [é armado] para dizer que é manifestação extremista”, disse. A repercussão negativa, com críticas de políticos, sindicatos e entidades a Bolsonaro, não afetará a manifestação e inclusive aumentou o número de apoiadores, afirmou a deputada.
Essa também é a opinião do publicitário Sergio Lima, responsável pela comunicação do Aliança. “O presidente não postou, não divulgou o tal falado vídeo. E, se recebeu e mandou para alguém avaliar o conteúdo do vídeo, não sabemos”, afirmou. “Eu mesmo, que estou na lista de transmissão dele, não recebi vídeo nenhum. Acho que a jornalista que divulgou se precipitou, mas a verdade é que com toda a repercussão a manifestação ganha mais força”, disse.
Lima insiste que o foco do movimento sempre foi e continua sendo o apoio ao presidente Jair Bolsonaro e não o fechamento do Congresso ou do Supremo Tribunal Federal (STF), embora alguns grupos e militantes mais radicais tenham propagado essas bandeiras pelas redes sociais. “A mobilização, que está sendo chamada fora de dia útil para não atrapalhar o país, foi uma iniciativa dos movimentos de direita e jamais incentivada pelo presidente. O estopim foi o que chamamos de ‘golpe do parlamentarismo branco’, a insistência dos congressistas em ficar com a gestão de mais de R$ 30 bilhões do total de R$ 80 bilhões [orçamentários livres para a execução em 2020]”, disse o publicitário.