Briga de Bolsonaro e Doria prejudica SP

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Foto: DANILO M YOSHIOKA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

As palavras do presidente Jair Bolsonaro na quinta-feira deixaram explícito o rompimento político dele com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Entretanto, não é somente com Bolsonaro que as relações do paulista esfriaram no governo federal. O tucano andou levando rasteiras recentemente até de ministros com quem ele mantinha proximidade.

A última delas foi registrada na semana passada. O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, desautorizou Doria em público sobre um projeto para a Baixada Santista, litoral paulista, que o tucano promete desde que tomou posse – a construção de uma ponte para interligar os municípios de Santos e Guarujá.

Em visita à região, o ministro disse no último dia 29 que o governo federal não concorda com o projeto, porque ele prejudicaria a futura expansão do Porto de Santos. O governo federal defende a construção de um túnel no local.

A manifestação de Freitas aconteceu dois dias depois de Doria ter visitado a região e reafirmado a promessa de construção da ponte. Em 2019, o governador levou a proposta ao governo Bolsonaro. A estrutura passaria pela região sob gestão do Porto de Santos e precisaria de autorização federal, o que, segundo o ministro, não virá.

Uma solução definitiva para a circulação de veículos e moradores é uma reivindicação antiga dos dois municípios. A travessia é feita hoje por balsa em que a espera pode chegar a quatro horas.

Outra decisão do governo Bolsonaro que inviabilizou uma promessa de Doria aconteceu no fim do ano passado. O Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) não autorizou a liberação de um empréstimo para a montadora Caoa comprar a fábrica da Ford em São Bernardo do Campo (SP).

Doria havia anunciado que tinha conseguido impedir o fechamento da fábrica, garantindo milhares de empregos na região, com a sua compra pelo grupo Caoa. O assunto foi tratado por meses com o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Entre aliados de Doria os dois reveses sofridos pelo governo paulista são apontados como resultado do rompimento político com Bolsonaro. Do lado bolsonarista, a leitura é a de que Doria se antecipa nos anúncios sem ter garantias de que seus projetos serão aprovados.

Nesta semana a temperatura entre Doria e Bolsonaro voltou a subir com o debate sobre a cobrança de impostos sobre combustíveis. Nesta quinta-feira, o presidente não deixou dúvidas de que não tem mais nenhuma relação com o governador paulista. Ao jornal “O Estado de S.Paulo” ele disse não querer ouvir falar no nome de Doria. No mesmo dia ele fez críticas ao paulista e ao governador do Rio, Wilson Witzel.

– Me elegeram como alvo. ‘Tenho que derrotar esse cara. Se ele vier candidato, vai ele e o PT para o segundo turno… e aí estamos fora – afirmou o presidente.

Doria, Witzel e Bolsonaro já manifestaram interesse em disputar a eleição presidencial de 2022.

O GLOBO mostrou na segunda-feira que Doria não participou de um evento com Bolsonaro na capital paulista de lançamento das obras de um colégio militar no Campo de Marte. A escola ficará na área do aeroporto de aviação executiva da capital paulista, que Doria pediu a Bolsonaro no início de 2019 _ quando ambos eram aliados _ para ser desativado. O projeto é uma promessa de campanha do tucano. Mas a Força Aérea Brasileira (FAB), dona do terreno, tem se mostrado contra a proposta.

O Globo