Donald Trump irá processar o New York Times

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Foto: Kevin Lamarque/Reuters

A campanha do presidente Donald Trump à reeleição está processando o New York Times por causa de um artigo de opinião, publicado em março de 2019, que sugeria um “toma lá, dá cá” entre ele e o governo da Rússia em 2016. Segundo a acusação, o texto, assinado pelo ex-editor-executivo do jornal Max Frankel, publicou “alegações falsas”, reportando como se “fosse verdadeiro o conluio com a Rússia”.

— Essa denúncia alega que o New York Times sabia da falsidade das acusações quando as publicou, mas o fez apenas com o propósito de atingir a campanha, além de alienar seus eleitores neste processo — afirmou Jenna Ellis, conselheira da campanha de Trump, em entrevista à NBC.

Os advogados da campanha acusam ainda o jornal de manter “sistematicamente um viés contrário a Trump”. O New York Times não se pronunciou.

Não são raras as denúncias do presidente sobre um suposto viés da imprensa contra seu governo ou candidatura, tampouco é novidade sua falta de apreço pelo New York Times. Mas chama a atenção a judicialização do caso.

No texto, intitulado “O real ‘toma lá-dá cá’ de Trump e Rússia”, Frankel discorre sobre os contatos entre a campanha do republicano em 2016 e emissários do Kremlin e seus objetivos. Para ele, tudo girava em torno de uma relação de conveniência: Trump teria ajuda para prejudicar a campanha de sua adversária, Hillary Clinton, enquanto os russos queriam o alívio de algumas das muitas sanções econômicas aplicadas contra o país na Era Obama.

Segundo Frankel, até mesmo a ideia de um “reconhecimento brando” da anexação russa da Crimeia, efetivado em 2014, esteve sobre a mesa. Ele reconhece que não é crime uma campanha discutir temas de política externa com outros governos, mas lembra que, ao fazer promessas, um candidato age como um líder eleito. Frankel termina dizendo que o presidente acabou cumprindo pelo menos parte de sua promessa, amenizando algumas sanções e até cedendo em questões de interesse estratégico de Moscou.

No processo, os advogados de Trump dizem que as alegações do articulista “se mostraram falsas” após a divulgação do relatório sobre a interferência russa nas eleições de 2016, liderado pelo procurador especial Robert Mueller. Apesar de ter ordenado uma série de prisões e abertura de processos, ele não apresentou uma denúncia contra Trump. “Embora este relatório não conclua que o presidente cometeu um crime, ele também não o inocenta”, informou secretário de Justiça, William Barr, citando Mueller, ao enviar as conclusões ao Congresso.

“O New York Times publicou essas declarações mesmo assim, sabendo que eram falsas, sabendo que iria desinformar seus leitores, com seu viés extremamente contrário e violento contra a campanha, e com seu desejo para influenciar, de maneira imprópria, a eleição presidencial de novembro de 2020”, diz o texto da denúncia.

O Globo