Doria exige que Bolsonaro seja mais ‘republicano’

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Foto: Sergio Andrade / Agência O Globo

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse nesta sexta-feira esperar do presidente Jair Bolsonaro um tratamento “republicano” para com o governo paulista. A declaração foi feita durante uma entrevista coletiva para anunciar que daqui 45 dias será assinado um novo contrato para retomar a construção da Linha 6 do metrô, parada desde 2016. O governo conta com um empréstimo junto ao BNDES de R$ 1,7 bilhão para a obra.

– Temos a convicção de que o presidente Jair Bolsonaro agirá de forma republicana. Não pode agir de forma eleitoral, partidária ou ideológica. Isso não se espera de um presidente da República. Ele deve governar para todos – disse Doria.

Bolsonaro tornou explícito na quinta-feira o rompimento político entre ele e o governador paulista motivado por questões eleitorais. Os dois, que já foram aliados, têm planos de disputar a Presidência da República em 2022 em lados opostos.

Nesta semana a temperatura entre eles subiu em meio ao debate sobre a cobrança de impostos dos combustíveis. Doria chamou Bolsonaro de populista. O presidente revidou, dizendo, em entrevista ao jornal “O Estado de S.Paulo”, que não quer nem ouvir falar no nome do tucano.

Doria negou que o rompimento com Bolsonaro fez piorar sua relação com ministros importantes como Tarcísio Freitas (Infraestrutura) e Paulo Guedes (Economia).

– Temos diversas iniciativas conjuntas com o governo federal nas áreas ferroviária e rodoviária, sem nenhuma interrupção e esperemos que continue assim – afirmou.

O GLOBO mostrou nesta sexta-feira que aliados do tucano já contabilizam episódios de retaliação do governo Bolsonaro a promessas do governador. Na semana passada, Freitas esteve no estado e desautorizou a construção de uma ponte na região do Porto de Santos, prometida por Doria na campanha e levada a Bolsonaro no início de 2019.

O governador anunciou que até o final de fevereiro ele terá reunião com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, para tratar de obras no estado. Parte dos investimentos em mobilidade previstos na gestão Doria depende de recursos do governo federal.

– Não governamos por WhatsApp mas com atitudes, secretários e a presença fisica, atos e gestos – disse Doria.

Trata-se da maior Parceria Público Privada (PPP) em andamento no país. A obra está parada desde 2016 porque as empresas responsaveis pelo consórcio tiveram problemas na Lava-Jato. Agora uma empresa espanhola, Acciona, assumirá o contrato, segundo o governo. A promessa é que as obras sejam retomadas este ano.

Elas estão orçadas em R$12 bilhões, sendo metade do investimento feito pelo governo estadual.

O Globo