Partido de Álvaro “botox” Dias se pendura em Moro

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Foto: Saulo Rolim / Divulgação

Com bandeiras como a defesa do combate à corrupção, especialmente a Operação Lava-Jato, e o fortalecimento da Segurança Pública, o Podemos espera crescer nas eleições municipais apostando em uma associação feita entre o partido e Sergio Moro, embora o ministro da Justiça nunca tenha declarado predileção pela legenda. Há uma aposta também de herdar votos no eleitorado que poderia escolher o Aliança pelo Brasil, de Jair Bolsonaro — que não deve ser lançado a tempo do pleito de outubro.

No Congresso, o partido já tem se posicionado como “morista”, e não bolsonarista. A imagem da legenda se colou à de Moro depois da campanha presidencial de 2018, quando o senador e então candidato à Presidência Alvaro Dias (PR) insistia em dizer que convidaria o então juiz para ser seu ministro da Justiça.

— O Podemos ficou colocado como um partido lava-jatista, o que tem nos ajudado bastante — afirma Dias.

O partido filiou este mês, em Recife, a delegada Patrícia Domingos, pré-candidata à prefeitura da capital pernambucana. Delegada titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Administração Pública por quatro anos, ela ficou conhecida pela defesa do combate à corrupção no estado. Segundo a deputada federal Renata Abreu (SP), presidente da sigla, é um caso de candidata que procurou o partido pela sua identificação com o “lava-jatismo”.

Renata Abreu pondera que “partidos mais de centro acabaram sendo muito afetados pela Lava-Jato”, e que, por isso, candidatos que têm histórias como a de Patrícia acabam procurando a legenda.

— A delegada Patrícia desvendou esquema de corrupção do governo. Como ela vai estar num partido que tem o mesmo problema? Ela perde a única coisa que ela tem, que é o discurso — afirma Renata Abreu.

A presidente do Podemos diz que a cara “morista” não foi adotada propositalmente, mas acabou sendo relacionada à legenda pelas posturas em defesa das pautas de Moro na Câmara e no Senado. Ela diz que a associação tem dado “um crescimento muito bom nos estados”.

— O pessoal fala muito disso (de Moro ser candidato pelo Podemos). Mas é uma decisão dele. Se ele quiser ser candidato, obviamente estamos de portas abertas. Eu gostaria muito de tê-lo no partido.

Para o deputado José Nelto (Podemos-GO), a sigla seria a escolhida por Moro, caso ele decida disputar a Presidência da República.

— A conversa do povo é a seguinte: o Moro, se não for para o Supremo (Tribunal Federal), é candidato a presidente pelo Podemos. O povo fala isso: “O Moro está ligado ao Podemos”. Não está, a realidade é essa. Mas, se ele for candidato, o partido que ele escolheria é o Podemos — diz ele, confiante em uma promessa que nunca foi feita à legenda.

Sobre ocupar um espaço na direita nessas eleições, Renata Abreu diz já ter sido procurada por candidatos que não terão como disputar pelo Aliança pelo Brasil, e promete fazer uma triagem:

— Se eles forem migrar para o Aliança depois, não tenho interesse. Quero gente orgânica. Ser barriga de aluguel, não quero.

O partido não tem nomes próprios para as disputas no Rio e em São Paulo, mas planeja mais de 200 candidaturas nas cidades paulistas e nomes em Recife, São Luís, Porto Velho, Salvador, Macapá e Manaus.

O Podemos se viu fortalecido recentemente com o aumento da bancada no Senado. Em setembro, chegou a 11 senadores, ficando atrás apenas do MDB. A legenda também é ligada ao grupo “Muda Senado”, que faz o discurso da nova política na Casa.

O Globo